Nacional
Manifestação em Lisboa

Milhares de trabalhadores voltam a pedir a demissão do Governo

10 de julho, 2014

Os participantes na manifestação realizada na tarde do passado dia 10 de julho, em Lisboa, “contra o roubo dos direitos, salários e pensões”, aprovaram a convocação de uma concentração nacional de dirigentes, delegados e ativistas sindicais, em 25 de julho, seguida de desfile para a Assembleia da República, com vista a rejeitar a proposta de lei sobre a reconfiguração dos cortes salariais que, nesse dia, será votada no Parlamento.

A demissão do Executivo de Passos Coelho e Paulo Portas e o repúdio dos trabalhadores pelas políticas sociais e económicas, que fomentam o desemprego e o empobrecimento, marcaram este 10 de julho de protesto e luta, que registou a participação de docentes de vários pontos do país, em representação dos Sindicatos da FENPROF. Os dias que vivemos são de profundas preocupações para os docentes, como registaram várias equipas de reportagem em serviço nesta ação do movimento sindical.

Vários professores presentes referiram aos jornalistas que a intenção do MEC é mesmo destruir o Estatuto da Carreira Docente (ECD) e atacar, ainda mais violentamente, os professores e educadores e as escolas públicas. A confirmá-lo, como a FENPROF já alertou, "estão documentos que começam a ser conhecidos, como os que se destinam à municipalização da Educação ou à criação de uma tabela remuneratória única que integraria os professores, deixando estes de se enquadrar na grelha salarial específica que os seus estatutos de carreira consagram".

A CGTP-IN convocou esta ação nesta data para mostrar ao Governo e à maioria parlamentar que o apoio a firme renúncia dos trabalhadores às propostas de lei que apontam para o prolongamento do período de trabalho e para a redução do pagamento do trabalho extraordinário e que reduzem os prazos de caducidade e de sobrevigência das convenções coletivas de trabalho.

As elevadas temperaturas que se fizeram sentir durante o desfile, que teve dois pontos prévios de concentração (Marquês de Pombal e Cais do Sodré),  não retiraram ânimo e determinação aos manifestantes que gritaram bem alto: "Existem soluções, queremos eleições", "Segurança Social é nossa, não é do capital" e "Sem contratação, não há democracia".

Existe alternativa

“A CGTP-IN não pactuará com o retrocesso, com a retirada de direitos, com a destruição dos mais elementares instrumentos para o bem-estar e a coesão social e territorial. Os consensos e compromissos a que estamos dispostos passam necessariamente pela rutura com esta política e a implementação de uma alternativa, de esquerda e soberana, de justiça e igualdade, que responda às reais necessidade dos trabalhadores e do povo português”, sublinhou Arménio Carlos em São Bento, ponto de chegada do desfile.  

O Secretário Geral da CGTP-IN falou de “uma alternativa que contemple a nossa proposta para renegociação da dívida, para o incremento da produção nacional, para uma política de rendimentos que promova uma justa repartição da riqueza, com serviços públicos e uma educação, saúde e segurança social para todos!”

O dirigente da Central unitária reafirmou a exigência de “uma política alternativa de esquerda e soberana que tenha à frente do país aqueles que colocam os interesses do povo e do país à frente dos credores e da alta finança."
 
"Só assim nos veremos livres das negociatas da banca, do comportamento do Banco de Portugal e do Governo, sempre pronto a branquear os que desviam milhões como no caso do BES e sempre disponíveis para enterrar o dinheiro que dizem não existir, nos buracos sem fundo criados pela gestão privada em sectores fundamentais", observou.

A importância da unidade

“Nunca como hoje a unidade foi tão importante. Unidade de todos os trabalhadores, do sector público e privado. Unidade dos que têm, e dos que ainda não têm, filiação sindical, dos que têm, e não têm emprego. Unidade dos mais jovens e dos menos jovens. Unidade dos que têm vínculos estáveis e dos que se confrontam com a precariedade absoluta. Unidade para continuar e intensificar a luta, fazendo deste um verão de ação pela transformação”, destacou Arménio Carlos, que deu, de seguida, alguns exemplos da combatividade e da luta que “não pára”:

  • A greve dos médicos em defesa do SNS do passado dia 8 e 9
  • A greve dos trabalhadores da Controlinveste contra o despedimento colectivo, pela democracia na informação
  • A greve na GalVidro da Marinha Grande e na Cofelis, empresa de limpeza da Continental/ Mabor
  • O Encontro Nacional de Educação, promovido pela FENPROF no dia 16, em Lisboa 
  • A greve dos trabalhadores das centrais dos CTT de Lisboa, Coimbra e Porto, do dia 21 de julho a 1 de agosto
  • A greve dos enfermeiros do Centro de Saúde da Marinha Grande nos dias 22 e 23 
  • A luta dos trabalhadores em contrato/emprego de inserção, no dia 25 em Lisboa


Campanha de esclarecimento

Na resolução aprovada, a CGTP-IN aponta também para a dinamização, durante o mês de agosto, de uma forte campanha de esclarecimento, sensibilização e mobilização, centrada nos locais de trabalho e junto das populações, com o objetivo de reforçar a unidade dos trabalhadores e alargar a convergência de todos aqueles que contestam este Governo, no âmbito da preparação de novas e intensas acções de luta, pela rutura com a política de direita e pela construção de uma alternativa. / JPO

Ver RESOLUÇÃO
Ver INTERVENÇÃO do Secretário Geral da CGTP-IN

 Imagens da iniciativa