Nacional
Professores em greve pelo pagamento de salários em atraso desde setembro

EM COLÉGIOS PRIVADOS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL: Dedicação aos alunos já não impede a falta de paciência a que se chegou!

02 de dezembro, 2019

“Professores trabalham sem receber. Filhos e pais não notam qualquer diferença entre o que fazem com e sem pagamento e elogiam a sua dedicação. Já o ME não fica nada bem na fotografia! Por onde andará Tiago Brandão Rodrigues?”

A FENPROF realizou hoje, 2 de dezembro, uma concentração junto a um dos colégios que não pagam salários a cerca de 50 docentes, por não receberem as transferências devidas pelo Estado. A situação resume-se à incúria com que o ME tratou esta situação. Trata-se de alunos que estão em colégios privados de ensino especial, encaminhados por escolas públicas, por manifesta incapacidade destas para apoiar estes alunos. Nestes casos, os encarregados de educação têm direito a matricular os seus filhos sem terem de pagar as habituais mensalidades, pois foi o Estado que os transferiu. O que acontece é que o ME já deveria ter pedido o visto do Tribunal de Contas, pelo menos até agosto, para que sejam autorizadas as transferências das verbas para pagamento de salários, mas só o fez há cerca de duas semanas, em setembro.

Os professores, por este motivo, estão com salários em atraso desde setembro e decidiram agora dizer “BASTA!”. Daí a greve de dois dias convocada para 2 e 3 de dezembro e que é total.

Num depoimento feito no local, uma mãe afirmava que sente na pele as dificuldades por que os professores do seu filho passam e considera inadmissível que quem tanto dá tão pouco seja, depois, tida em consideração.

São cerca de 50 professores que estão nesta situação. A paciência acabou e essa é a razão por que a greve de 2 e 3 de dezembro é total nestes 4 colégios de Lisboa. “É absolutamente indecente e absolutamente condenável que se chegue a este ponto” – acusou o secretário-geral da FENPROF. “Estamos num Estado em que para fazer pagamentos (como ao FMI) até antecipa, quando é para pagar a quem trabalha isso já não acontece”.

Graça Sousa, coordenadora nacional da FENPROF do ensino particular e cooperativo, salienta a responsabilidade do Estado com estas crianças, porque elas vêm reencaminhadas pelas escolas públicas para estes colégios. Ora, “isto corresponde a uma ainda maior responsabilidade do Estado com as famílias. Os contratos de cooperação foram assinados em agosto, disse, mas o ME atrasou todos os processos para que a situação fosse rapidamente resolvida”.

Outra mãe salientou a dedicação e resiliência dos professores e técnicos destas instituições que tudo fazem e tudo dão para que o seus filhos se sintam bem, revoltando-a que estejam a ser tratados assim pelo governo/ministério da Educação. “Como é que é possível que estes professores e técnicos vejam a sua dedicação paga com o não recebimento de qualquer salário?”. Essa foi, também, a razão que levou a mãe do Tiago a este encontro com os jornalistas, precisamente para dizer que os professores podem contar com ela e que a terão, por isso, como uma aliada.