Nacional
Resposta de Mário Nogueira ao "Postal Aberto" de Porfírio Silva

Esclarecimento ao senhor deputado do PS responsável pela área da Educação

31 de janeiro, 2019

A FENPROF reuniu em 29/01 com o grupo parlamentar do PS. No final foi abordada por jornalistas que souberam da reunião pela agenda parlamentar dos partidos, logo, neste caso, do próprio Partido Socialista. O facto de não ter sido quem informou os jornalistas não impediu, como nunca impedirá a FENPROF de falar com eles. Neste caso concreto, não se comprometeu com ninguém a remeter-se ao silêncio e, como é evidente, jamais necessitará de autorização, seja de quem for, para falar com a comunicação social.  

Ao que parece, terá caído mal ao deputado do PS responsável pela Educação que o Secretário-Geral da FENPROF tivesse acusado o governo de adiar uma negociação que já deveria ter começado e, ainda, de pôr em causa um direito de que os professores não abrirão mão: ver contabilizado todo o tempo de serviço que cumpriram. Aliás, como também o senhor deputado chegou a recomendar ao governo, votando favoravelmente uma resolução da Assembleia da República.  

Reagiu da pior forma o senhor deputado, fazendo transparecer um crescente nervosismo que também se tem notado em membros do governo, desde logo o próprio Primeiro-Ministro. Optou pela estratégia de vitimização e do ataque pessoal, reação habitual naqueles que se desorientam, talvez por sentirem não ter a razão do seu lado. 

No seu postal, o senhor deputado acusa o Secretário-Geral da FENPROF de ter a obsessão de atacar o PS. Engana-se. O Secretário-Geral da FENPROF não está obcecado com nada, mas, isso sim, muito determinado em defender os direitos dos professores, desde logo este, não só por ser uma questão de legalidade, mas por se tratar de matéria da mais elementar justiça para quem, como os professores, deram o seu melhor também naqueles 9 anos, 4 meses e 2 dias de congelamento. Obcecado parece o partido do senhor deputado em desvalorizar os professores com as posições assumidas pelo governo e que já aviva na memória os lamentáveis tempos de José Sócrates e Lurdes Rodrigues, quando a postura era a de ganhar a opinião pública, perdendo os professores.  

A FENPROF e os seus dirigentes não têm nenhum problema em apoiar medidas dos governos ou em as combater, independentemente de quem os apoia ou lhes faz oposição. Para a FENPROF e os seus dirigentes o que conta são as medidas porque, acima de tudo, são elas que contam para os professores e para a Escola Pública. Tal como não se perturbou por ser acusada de desaparecimento, de apoiar o governo e de mandar no Ministério da Educação, quando eram dadas respostas aos problemas, a FENPROF não se incomoda que, agora, a censurem por combater o governo quando este desrespeita e desvaloriza os professores, como está a acontecer. Incomodados ficariam os dirigentes da FENPROF se fossem acusados, com razão, de trair os professores e de contemporizar com um governo que não os está a respeitar; e não é o senhor deputado que tem legitimidade para fazer tal acusação.  

A FENPROF e os seus dirigentes defendem a Escola Pública, esse bem maior da Democracia, com a certeza de que não há Escola Pública Democrática sem professores valorizados, dignificados, respeitados e com as condições de trabalho adequadas. Esta é que, porventura, também deveria ser a preocupação do senhor deputado. 

 

Mário Nogueira 

Secretário-Geral da FENPROF 

 

Ver também "Postal aberto ao Secretário-Geral da FENPROF", de Porfírio Silva