"Em representação dos professores", Dulce Pinheiro, do Secretaeriado Nacional da FENPROF, saúdou "todos os trabalhadores da Administração Pública que aqui estão, em defesa dos seus direitos e em defesa de um projeto de sociedade que valoriza as funções sociais do Estado e os serviços públicos que lhe dão corpo, como forma de garantir um país mais justo, desenvolvido, progressista e solidário."
Intervindo na tribuna instalada em São Bento, a dirigente sindical deixou "uma saudação particular aos professores e educadores que estão comprometidos com a construção da escola pública de qualidade, inclusiva e para todos, pilar fundamental deste modelo de sociedade. Saudação, também, aos Investigadores, profissionais imprescindíveis para o crescimento da ciência e o desenvolvimento do país."
"É justa a nossa luta que hoje se faz com esta oportuna manifestação!" - realçou Dulce Pinheiro, que afirmaria mais adiante:
"É oportuna porque a proposta do governo para o Orçamento de Estado para 2017 está em discussão na Assembleia da República, não está fechada, pode e deve incluir alterações, que deverão corresponder à expressão do resultado das eleições de 4 de outubro e ao sentimento de todos os portugueses que, nesse dia, decidiram votar pela mudança. São, por isso, alterações que devem ir no sentido da recuperação de direitos e rendimentos, alterando opções de governos anteriores!"
Lembrando que "nos últimos anos, sucessivos governos, e em especial o último, tudo fizeram para conduzir as funções sociais e os serviços públicos essenciais para a esfera do mercado e da concorrência. A educação e o ensino não escaparam, pelo que a Escola Pública Democrática e de qualidade correu sérios riscos", Dulce Pinheiro observou:
"A FENPROF reconheceu, no OE 2016, medidas que indiciavam a inversão do ciclo de empobrecimento que PSD e CDS promoveram e previam continuar. Medidas como a reversão de cortes salariais; a revogação da requalificação; o fim da prova que expulsou milhares de contratados da profissão; o fim das colocações por escolha dos diretores; o fim dos exames dos alunos nos 4º e 6º anos; a reposição dos feriados; o início da gratuitidade dos manuais escolares. Tudo isto foram sinais e avanços importantes que saudámos."
2017, ano de mudanças
"Se 2016 foi o ano dos sinais, 2017 tem de ser, necessariamente um ano de mudanças significativas!", registou a dirigente sindical dos Professores.
"Se todos estamos de acordo que, em 2017, é necessário que haja mais financiamento para a educação, mais democracia para as escolas e mais respeito pelos professores, como por todos os trabalhadores, a proposta de OE apresentada pelo Governo não responde a qualquer destas três grandes exigências", afirmou noutra passagem.
Mais adiante, recordou:
"A FENPROF apresentou, em tempo útil, propostas para o Orçamento que, a serem consideradas, introduzirão mudanças significativas no sistema educativo português. São propostas que preveem a desagregação dos mega-agrupamentos, a aprovação de um modelo de gestão democrática das escolas, a extinção dos processos de municipalização em curso e o reforço dos apoios aos alunos com Necessidades Educativas Especiais...Propostas que também se destinam a:
- descongelar as carreiras e a recuperar os mais de 8 anos de serviço roubados aos professores.
- promover a renovação geracional dos profissionais e a dar combate ao grande desgaste que se faz sentir nos profissionais, permitindo a sua aposentação aos 36 anos de serviço;
- substituir o atual regime de concursos combatendo a precariedade e a instabilidade de milhares e milhares de docentes..."
Subfinanciamento da Educação
Alertando para "o estado de subfinanciamento em que a Educação se encontra", que impõe o início de "um ciclo de verdadeiro investimento na Educação! (e o problema deste Orçamento não é se há mais ou menos verbas para a Educação, o problema é se as verbas previstas são suficientes… E não são, de facto)", Dulce Pinheiro deu um exemplo bem expressivo:
"Para recursos humanos há uma redução de 281 milhões de euros. Que querem fazer? Continuar a afastar trabalhadores das escolas? O governo tem de responder a isto!"
"Esta luta, esta Manifestação, é justa, oportuna e muito importante! Não é a luta final, porque a luta vai continuar, mas tem a importância de trazer para a rua o descontentamento de quantos esperavam, realmente, uma nova política para o país", sublinhou Dulce Pinheiro na tribuna da jornada de 18 de novembro.
Concentração e encontro nacional
de Professores
"Pela nossa parte, iremos promover diversas ações e lutas, a começar já no dia 23 de novembro, com os professores vítimas de ilegalidades na carreira a concentrarem-se frente ao Ministério da Educação"
No dia 7 de dezembro haverá um Encontro nacional de professores em representação das escolas de todo o país, avaliando um ano de política educativa, mas, sobretudo, definindo as linhas de ação para o futuro!
"Só com a luta poderemos alcançar os objetivos a que nos propomos nesta difícil tarefa de tornar a vida mais justa e feliz", concluiu.