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COVID-19 NAS ESCOLAS

Insuficiência das medidas de prevenção e de segurança sanitária leva a que mais de 90% dos docentes sintam preocupação ou medo

30 de novembro, 2020

(Resultados de um estudo realizado através de consulta aos professores e educadores)

90,5% dos docentes afirmam ter preocupação ou mesmo medo quando estão nas escolas. Compete, pois, ao ME reforçar as condições de segurança sanitária, superando  as atuais insuficiências, e aprovar medidas adequadas de prevenção, enter as quais estão os rastreios às comunidades escolares.

Compete ao ME garantir transparência sobre a situação epidemiológica nas escolas, sendo inaceitável que a mesma continue a ser encoberta.

Como é que com quase mil escolas com casos de COVID19 só se registam surtos em 68 ou 94 casos (últimos dados oficiais divulgados)? O problema é que continuam a não ser realizados testes à população escolar, apesar de, nos últimos seis meses, o número de crianças e jovens infetados (zero a dezanove anos) ter aumentado vinte vezes, enquanto na população em geral esse aumento foi da ordem dos 9%.

Como se caracteriza, hoje a situação?

● O número de alunos nas turmas não foi reduzido, o que impede o indispensável distanciamento dentro das salas de aula

  • Apesar da recomendação da DGS ser no sentido da constituição de pequenos grupos para garantir o distanciamento recomendado, 83,7% dos professores confirmam que o número de alunos por turma se manteve e só 6,1% admitem ter sido reduzido. Mas há mesmo 10,2% de professores a afirmar que o número de alunos por turma aumentou.

● Limpeza dos espaços feita por assistentes operacionais (AO), ocorre, maioritariamente, só ao final do dia.

  • 59,9% dos docentes afirmam que a limpeza que é feita pelos assistentes operacionais só acontece ao final do dia, como antes da pandemia. O número dos que confirmam serem os alunos e os docentes que limpam entre cada utilização é de 30,4%. Só em 40,1% das respostas é dito que a limpeza é feita pelo pessoal auxiliar entre cada utilização de espaços da escola.

● Em relação ao ano anterior, o número de assistentes operacionais (AO) manteve-se ou até decresceu.

  • Só 17,5% das respostas afirmam ter aumentado o número de assistentes operacionais. Já 64,3% refere que o número de assistentes operacionais se manteve e 18,5% diz ser inferior este ano. Este é um problema gravíssimo vivido pelas escolas, pois já antes da pandemia o número de assistentes operacionais era escasso face às necessidades.

● No 1.º período, nas escolas, as máscaras foram distribuídas, mas nem sempre em quantidade suficiente e com a qualidade necessária.

  • De uma forma geral foram distribuídas, como confirmam 96,3% dos professores. O problema foi, segundo quase metade dos docentes (46,3%), as máscaras serem em número insuficiente e/ou de má qualidade (elásticos que se partem com facilidade, porosidade…).

● No contexto de pandemia, a atividade dos docentes tornou-se muito mais exigente.

  • No contexto de pandemia que vivemos, as aulas decorrem de forma atípica, com os professores a não poderem aproximar-se dos alunos, a trabalharem de máscara, a não encontrarem os seus colegas com a frequência habitual, o que leva 83,4% a considerar que a atividade docente, nestas condições, é muito mais exigente. Só 16,1% afirma ser semelhante e 0,5% (residual) diz haver menor exigência.

● Quanto à possibilidade de serem infetados com Covid-19, a maioria dos professores diz-se preocupado e muitos afirmam sentir medo quando estão nas escolas.

  • Só 9,5% dos docentes afirmam sentir-se em segurança. Não surpreende, pois face às insuficientes condições existentes, que antes se referem, é natural que 67,4% sinta preocupação e uma faixa ainda significativa, de 23,1% diga mesmo ter medo de ser infetado.

INFORMAÇÃO TÉCNICA DO ESTUDO

- 5218 respostas validadas, recolhidas em plataforma eletrónica, entre13 e 25 de novembro de 2020, junto de professores e educadores do continente. Respostas validadas provenientes de todos os distritos no seguinte número: Lisboa- 866; Porto- 649; Faro- 619; Braga- 528; Aveiro- 407; Viseu- 366; Setúbal- 301; Coimbra- 292; Leiria- 248; Castelo Branco- 229; Guarda- 158; Évora- 124; Santarém- 115; Vila Real- 72; Portalegre- 63; Beja- 60; Bragança- 55; Viana do Castelo- 54.

Por níveis e graus de ensino é respeitada a proporção real, verificando-se: Educação Pré-escolar- 7,9%; 1.º Ciclo- 20,5%; 2.º e 3.º Ciclos / Ensino Secundário- 71,6%. Deste total de docentes, 4,4% encontra-se na Educação Especial. Também em relação à situação profissional, a relação é próxima da realidade: QA/QE- 74%; QZP- 14,8%; Contratado/a- 11,2%.

Por último, a situação sindical contempla todas as situações existentes: Sindicalizado em Sindicato da FENPROF- 67,5%; Sindicalizado em outras organizações- 10,9%; Não sindicalizado- 21,6%.