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Ana Cristina Inês - Sócia nº058099 do SPGL

Carta à FENPROF sobre avaliação do desempenho

02 de agosto, 2011

Exmo Senhor Secretário Geral da FENPROF,
 
Ana Cristina Inês, sócia nº 058099 do SPGL, professora contratada, tendo conhecimento que Vª Exª se vai reunir com o Senhor Ministro da Educação, Dr Nuno Crato, gostaria de lhe apresesentar alguns assuntos que na minha opinião deveriam ser analisados:
 
Conforme o vosso jornal nº 251 Março/Abril de 2011 no dossier eleições à pergunta feita aos partidos politicos sobre avaliação e desempenho o PSD responde "... a classificação dos professores que deverá ser concretizada em ciclos mais longos e de forma menos burocratizada deverá ser assumida por elementos externos à escola evitando-se assim a perversa classificação entre pares. "
Nota: no dicionário Cândido Figueiredo a palavra perversa tem multiplos significados: corrupta, traiçoeira má indole entre outras. Deste modo é o próprio Governo que admite haver corrupção na avaliação.

Este tipo de avaliação abrange os professores contratados que por maior razão dado o convívio diário entre relator (avaliador ) e  a pessoa avaliada estabelecem laços de simpatia, amizade e cumplicidade dos quais tenho conhecimento, porque se passou no presente ano lectivo na minha escola, e noutras situações o relator (avaliador ) que é conhecido está sujeito a forte pressão feita através de amigos, colegas, direcção,  e as situações de bajulação e graxismo são uma constante. Atenção que tal passou-se no presente ano lectivo na minha escola e sei que também colegas minhas de outras escolas deram-me a conhecer esta situação lamentável. Na verdade está em jogo no ano lectivo seguinte ter ou não emprego. Garanto-lhe que há atitudes de proteccionismo entre avaliador e avaliado e consequentemente, proliferam  este ano lectivo as menções de Muito Bom ( bónus de 1 valor na lista de graduação ) e Excelente ( bónus de 2 valores na lista de graduação ).

No corrente ano lectivo houve uma grande luta, apoiada pelos sindicatos para que a avaliação caísse. Na manifestação do Campo Pequeno ouviram-se muitos professores constestarem o actual modelo de avaliação e até escolas  disseram que não fariam avaliação.
 
No entanto, houve muitas aulas assistidas nas escolas,  com grande parte dos professores a obterem a classificação de Muito Bom e Excelente.

Com estes resultados obtidos este ano lectivo, na lista de graduação do próximo ano lectivo 2011/2012, estes professores com Muito Bom e Excelente concorrem com mais 1 e 2 valores respectivamente, passando injustamente à frente de muitos colegas que não quiseram ter aulas assistidas e que já têm como é o meu caso, dezanove anos de tempo de serviço.
 
Pessoalmente não pedi aulas assistidas por discordar inteiramente com este tipo de avaliação. Entendo que um professor deve ter liberdade perante os seus alunos de dar aulas para que estes aprendam e não preparar aulas para agradar ao avaliador, dadas a cronómetro e que nunca mais se repetem porque foram apenas uma "encenação ou teatro".
 
Excelentissimo Senhor Secretário Geral é imperioso e urgente terminar com a avaliação nos concursos dos professores contratados. Não se justifica a benesse dos valores na lista de ordenação dos professores contratados, pois desconhecemos em que condições foi atribuido Muito Bom e Excelente. Muitos destes professores tiveram nos exames nacionais resultados calamitosos, não fizeram projectos inovadores na escola e obtiveram Muito Bom e Excelente. Estes professores não se distinguiram dos que tiveram Bom.
Por favor, considero que a FENPROF deveria defender perante o actual Ministro da Educação a anulação da avaliação no concurso dos contratados e a bonicação dos 1 e 2 valores nas listas. Enfim, terminar com os asteriscos, porque como já foi referido são na maioria obtidos de modo perverso e influenciam a ordenação dos candidatos nas listas de ordenação.
 
A perversão está de tal modo instalada nas escolas que inclusivé para a recondução de professores contratados para o próximo ano lectivo, 2011/2012, não se teve em consideração a lista de ordenação dos professores do grupo ,mas sim os critérios do Senhor Director que não foram esclarecidos quais eram e  estão a ser reconduzidos os apadrinhamantos, os amiguinhos e aqueles com que simpatiza, ultrapassando colegas na lista que se encontram nas primeiras páginas.

Um outro aspecto que solicito é que na reunião com o Senhor Ministro da Educação seja analisada a situação profissional dos professores contratados que já têm muitos anos de tempo de serviço como é o meu caso, de modo, a deixarem de viver na agonia e precariedade de emprego anualmente e obterem estabilidade profissional.

Ana Cristina Inês
Sócia nº058099 do SPGL