O Secretariado Nacional da FENPROF tomou conhecimento de uma série de obstáculos que estão a ser colocados à utilização da língua portuguesa, por parte das crianças portuguesas e luso-descendentes, no seu quotidiano, e que, cumulativamente, frequentem creches, jardins de infância ou os ateliês de tempos livres (maison-relais).
A FENPROF considera estas atitudes castradoras de um desenvolvimento harmonioso e equilibrado dos filhos dos imigrantes portugueses, dado que não permite que as crianças se exprimam, mesmo em atividades lúdicas ou durante as pausas entre atividades, na língua que lhes é comunicada pelos seus progenitores e que faz parte do seu património socio-linguístico e cultural.
Sendo o Luxemburgo um país tradicionalmente multilingue, pensa o SN que o governo luxemburguês não pode renunciar a esta sua característica, assim como deve ter em consideração a diversidade de perfis linguísticos das crianças nascidas ou chegadas de novo ao país, devendo, ainda, privilegiar e valorizar as línguas maternas das crianças de nacionalidades diversas.
No caso específico da língua portuguesa reconhece-se o falhanço das visitas do primeiro ministro português ao Grão Ducado, bem como do ministro da educação Nuno Crato que, conhecendo os acontecimentos denunciados pelos órgãos de comunicação social, revelaram a total insensibilidade do governo para este problema e nada fizeram junto do governo luxemburguês para pôr cobro a estas atitudes que só não são identificadas por receios fundados de retaliação ou vinganças exercidas nas pessoas que tiveram coragem para as expor!
Embora o Secretário de Estado das Comunidades tenha afirmado que havia pedido explicações a nível oficial ao governo luxemburguês aguarda-se uma tomada de posição forte que acautele os legítimos direitos dos luso-descendentes residentes no Luxemburgo.
Perante isto, a FENPROF manifesta o seu mais vivo repúdio pela atitude de alguns estabelecimentos na dependência das autoridades comunais (municipais) e exige o fim da opressão cultural e linguística sobre os filhos dos imigrantes portugueses.
O Secretariado Nacional da FENPROF
10.11.2014