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A Greve e os equívocos de Vitalino Canas

30 de novembro, 2007
Um serviço da Lusa chegou aos órgãos de comunicação social a meio da manhã de 30 de Novembro, contendo uma primeira mensagem do partido do Governo sobre a Greve Geral da Administração Pública. Coube a espinhosa tarefa a Vitalino Canas (VC), porta-voz do partido.

Entre imprecisões e equívocos, o porta-voz revelou grandes dificuldades para explicar o inexplicável, sendo, por isso, natural que, pelo menos três vezes, se tenha "embrulhado" nas explicações, a crer pelo equívocos que constam no seu depoimento. Vejamos:

1.Sustentou que "a greve não tem razão de ser". Ou seja, VC entende que só ele, o seu partido ou o Governo estão em condições de legitimar as greves, decidindo quando têm, ou não, razão de se fazer. VC ou vive noutro País ou decidiu passar um atestado de menoridade à CGTP-IN, UGT, Frente Comum, FESAP, STE, FENPROF, FNE, restantes organizações sindicais de professores, FNAME, SIM... (Espera-se que o Governo não venha a legislar sobre a matéria...)

2. Afirmou que a maioria dos portugueses "compreende" esta política, ou melhor esta ofensiva contra os trabalhadores da Administração Pública. Ou seja, os 200.000 que desfilaram em 18 de Outubro, a fortíssima adesão à Greve de 30 de Novembro, as sucessivas tomadas de posição de grupos de cidadãos, associações... os apupos que esperam os ministros em inúmeras localidades... tudo isso são, decerto, invenções... ou estrangeiros!

3. Garantiu que as finanças públicas permitem apenas "manter o poder de compra" dos funcionários públicos, como pretende o Governo, e não aumentá-lo. Espantoso! Todos os dados estatísticos apontam para uma perda do poder de compra acumulada ao longo de vários anos e foi a própria Comissão Europeia a prever uma inflação para 2008, em Portugal, de 2,4%. Ora, como a proposta de revisão é de 2.1%, decerto VC pretendia afirmar que o Governo se comprometeu "a manter, mais ou menos na mesma, o poder de compra". Terá sido?

Em suma, o que se conclui é que Vitalino Canas não esperava uma Greve Geral da AP com esta envergadura. Não se preocupe, não foi o único... / JPO