Nacional
Opinião de Mário Nogueira

Expressiva vitória da lista G na ADSE

20 de setembro, 2017

Apesar de, mais uma vez, os do costume terem derramado o seu ódio contra os sindicatos e os sindicalistas. Saem derrotados!

 

O resultado da eleição de representantes dos beneficiários titulares da ADSE para o respetivo Conselho Geral e de Supervisão, permitiu que, neste órgão, se reforçasse a representação de quantos defendem uma ADSE pública e ao serviço dos trabalhadores. Ou seja, saíram derrotadas soluções que advogavam a transformação da ADSE num seguro privado, ainda que com algumas nuances que procuravam disfarçar a alteração da sua natureza.

A lista G, integrada pelo professor e economista, António Nabarrete, dirigente da FENPROF, recolheu 8.315 votos, obtendo 3 dos 4 mandatos em eleição. A segunda lista mais votada quedou-se pelos 3.163 votos.

Esta votação constituiu um processo atribulado e merecedor de muitas críticas. Desde logo, a pouca informação que chegou aos beneficiários em relação a este processo eleitoral, havendo mesmo quem não tenha recebido qualquer carta ou email da ADSE, IP, com a atribuição da senha para votar e outras indicações referentes ao ato eleitoral. Para complicar o processo, há a registar o escasso número de mesas para voto presencial, o que provocou filas enormes em Lisboa e no Porto, levando alguns a desistir. Também a votação eletrónica teve problemas, dificultando e mesmo impedindo alguns de votar. Todavia, admitindo que essas dificuldades, que contribuíram para a grande abstenção verificada, penalizaram, percentualmente, todos por igual, a lista G, encabeçada por Francisco Braz, obteve uma estrondosa vitória.

O curioso nesta eleição, porém, foi a forma como alguns comentadores (e outra gente) reagiram ao facto de as organizações sindicais, fossem da CGTP, da UGT ou não filiadas, se organizaram para participar no ato eleitoral. Houve mesmo quem considerasse ilegítima a existência de listas suportadas pelos sindicatos e o apelo ao voto que fizeram junto dos seus associados, pois, diziam, esta eleição era para eleger representantes dos beneficiários!

Mas será que alguma lista que se apresentou integrava outros que não beneficiários titulares da ADSE? Será que um beneficiário da ADSE que seja sindicalizado passa a ter direitos reduzidos e, então, se for dirigente sindical passa a proscrito? Podemos gostar ou não do Braz, do Nabarrete, do Ramos, do Proença, da Helena ou do Ralha, é verdade, daí a possibilidade que temos de votar em uns e não votar nos outros ou em nenhum. Mas o facto de estes beneficiários titulares da ADSE serem dirigentes de organizações sindicais não os impede de participar num ato cívico, democrático, como é a eleição para um órgão de supervisão do sistema de saúde para o qual descontam todos os meses 3,5%. Só por reminiscências fascistas ainda não removidas de algumas cabeças, delas pode sair esse esgar de ódio dirigido aos sindicalistas.

É claro que os sindicalistas incomodam, mas sempre foi assim. Visite-se um campo de concentração daqueles em que os nazis assassinaram milhões de pessoas e lá encontramos, nas longas listas de assassinados, muitos, mas mesmo muitos, cujo crime que os condenou à morte foi serem sindicalistas. Já para não falar da perseguição que, no nosso país, os fascistas moveram aos sindicatos e aos sindicalistas. Os professores sentiram na pele isso mesmo, tendo visto as suas organizações de classe ilegalizadas e os seus dirigentes presos, após o golpe fascista de 1926. A ilegalização manteve-se durante 48 anos. É evidente que há quem gostasse que 1974 não tivesse acontecido, mas esses não têm outro remédio que não seja viver a democracia, ainda que lhes custe a engolir.

Relativamente ao resultado desta votação e à tão expressiva vitória da lista G, integrada pela FENPROF e promovida pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública, ela é muito importante, pois confirma que, contrariamente ao que gostariam os que a estão a digerir com dificuldade, os Sindicatos e os dirigentes sindicais são reconhecidos pelos trabalhadores que representam e, neste caso, o seu compromisso com a defesa de uma ADSE pública e ao serviço desses mesmos trabalhadores mereceu uma forte adesão.

 

Mário Nogueira
Secretário-Geral da FENPROF