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A haver redução de turmas em 2016/17, significará que medidas de fundo impostas pela direita se mantêm...

06 de julho, 2016

De acordo com informações que chegam das escolas, há risco de redução de turmas no próximo ano letivo. Se tal acontecer, porém, não resultará do que o atual governo fez, mas do que ainda não fez. É que, no próximo ano letivo, as medidas impostas pelo governo anterior, visando, precisamente, reduzir o número de turmas e, assim, o de professores, serão mantidas. Por exemplo, não houve redução do número de alunos por turma, não foi garantido o fim das turmas do 1.º Ciclo com diversos anos de escolaridade e não se iniciou a desagregação dos mega-agrupamentos. Ora, mantendo-se aquelas medidas, o fator demográfico ditará as regras que o governo anterior já aguardava. 

Mas há ainda a possibilidade de o número de turmas ser reduzido pelo facto de, às que integram alunos com necessidades educativas especiais (NEE), se aplicar a medida “redução de alunos” apenas quando os alunos com NEE nelas permanecerem, no mínimo, 60% do tempo letivo. Uma medida anunciada como promotora de inclusão que, no entanto, poderá transformar-se em fator de ainda maior exclusão. Esta é uma preocupação que a FENPROF tem manifestado e que, crescentemente, tem vindo a ser referida pelas escolas.

As medidas que antes se referem (número de alunos por turma, turmas com diversos anos de escolaridade e mega-agrupamentos), recorda-se, foram tomadas num quadro de grande e deliberada redução do número de docentes nas escolas, com o intuito, único, de reduzir as verbas destinadas à Educação, ainda que daí resultassem evidentes quebras da sua qualidade.

Do atual governo espera-se uma postura diferente, pelo que há medidas corretoras que, até ao início do ano, poderão ser ainda tomadas. Sabem os governantes que as escolas não têm professores a mais, nem as turmas alunos a menos; como sabem que o sucesso educativo dos alunos tem sido muitas vezes sacrificado pela intenção de melhorar as estatísticas de sucesso escolar, sendo que, por vezes, a melhoria destas resulta do estreitamento das aprendizagens e do acantonamento dos alunos com insucesso em ofertas educativas que os dispensavam de exames nacionais, como aconteceu nestes dois últimos anos.

Um sucesso escolar e educativo efetivo exige medidas de fundo que ainda estão por tomar e um investimento na Escola Pública que inverta a rota de redução dos últimos anos. A proposta de Lei do Orçamento do Estado para 2017, já em elaboração, irá, finalmente, esclarecer se há mudança efetiva na Educação e qual o seu alcance.

Secretariado Nacional da FENPROF
6/07/2016