Nacional

intervenção de Luis Lobo

29 de abril, 2016

O papel fundamental da informação e comunicação na acção e no reforço sindical

Luís Lobo, Secretariado Nacional

 

A FENPROF é uma organização importante e, como tal, reconhecida.

Age independentemente da estruturação político-partidária da sociedade, mas não lhe é imune.

Tem a sua agenda própria.

Define as suas prioridades e intervém para que estas integrem as preocupações gerais, não só dos professores e investigadores, mas também de toda a população.

A FENPROF é uma fonte fidedigna de informação sobre tudo o que tem a ver com educação e formação. É consultada quase diariamente por jornalistas e dedica uma parte da sua vida a proporcionar aos órgãos de comunicação social as condições para que fazendo um trabalho sério, cumpram o seu papel de comunicadores da actualidade e da realidade.

A FENPROF tem os seus próprios órgãos de informação.

O Jornal da FENPROF tem uma publicação, em média, bimestral e é distribuído gratuitamente a mais de 50.000 docentes, entidades diversas, jornalistas, organizações internacionais…

A página da FENPROF é uma das mais consultadas, não só por docentes, como por políticos, jornalistas, organizações sociais, partidárias e estruturas do governo… sabemos a origem e podemos dizer que as consultas de fora do território nacional chegam a atingir 25% das visitas.

Produz informação para os órgãos de comunicação social quase diariamente e promove iniciativas com jornalistas com a preocupação de os manter a par das preocupações e propostas  dos professores e das escolas.

Pensa, prepara, discute e distribui informação diversa para as escolas de carácter geral e sectorial.

Organiza campanhas de informação da opinião pública. Lembremos algumas: Caravana contra a Precariedade, Campanha em defesa da Escola Pública e Caravana em Defesa da Escola pública ou, recentemente, a Campanha Nacional pela valorização do 1.º ciclo do ensino básico, implicando nestas acções a participação de professores, de alunos, de encarregados de educação, autarcas e outros actores sociais.

Poderíamos ficar aqui a estender o lençol de trabalho que é feito pela área da Informação e Comunicação, onde não podemos esquecer a extraordinária equipa de profissionais na área da comunicação que connosco trabalham (gráficos, designers de comunicação, um jornalista, um fotojornalista, pessoal especializado na área da informática, trabalhadores administrativos e responsáveis pelos arquivos da FENPROF e dos seus sindicatos). Todos trabalhando para o mesmo fim.

Porém, há alguns aspectos que não podem passar em claro.

Somos bons a fazer o que fazemos, mas competimos com quem domina os meios, os recursos, quem controla a opinião pública e paga a opinião publicada. Tirando alguns jornais mais recentes e os públicos LUSA e RTP (rádio e televisão), a comunicação social está na posse de 5 grandes grupos económicos que têm uma estratégia de informação e uma estratégia política para fins que, muitas vezes temos de combater.

5 Filtros, que combinados distorcem e deturpam as notícias para o atendimento de seus fins essenciais (Ed Herman e Noam Chomsky). 

1.º Filtro — PROPRIEDADE

A maioria dos principais meios de comunicação de massa pertence a grandes empresas e grupos económicos.

2.º Filtro — FINANCIAMENTO

Os principais meios de comunicação obtêm a maior parte do seu rendimento, não dos seus leitores, mas sim de publicidade (que, claro, é paga pelas grandes empresas).

Como os meios de comunicação são, na verdade, empresas orientadas para lucro, é de esperar a publicação apenas de notícias que reflictam os desejos, as expectativas e os valores dessas empresas que os financiam.

3.° Filtro — FONTE

As principais informações são geradas por grandes empresas e instituições (agências noticiosas). Consequentemente os meios de comunicação dependem fortemente dessas entidades como fonte de informações para a maior parte das notícias. Isto também cria um desvio sistémico contra a sociedade. Muitas destas agendas noticiosas são controladas por aqueles ou outros grupos económicos.

4.° Filtro — PRESSÃO

A crítica realizada por vários grupos de pressão que procuram as empresas dos meios de comunicação, actua como uma espécie de chantagem velada, para que os grandes meios de comunicação de massa se mantenham numa linha editorial que reflecte os seus interesses, muitas vezes à revelia dos interesses de toda a sociedade.

5. Filtro — NORMATIVO

As normas da profissão de jornalista, tendo em conta as expectativas que são geradas entre pares, muitas vezes estabelece como prioritário a atenção ao prestígio da carreira do profissional (proporcionalmente ao salário). Mas também é preciso perceber que a precariedade que grassa na profissão faz com que muitos jornalistas vivam uma pressão enorme, por vezes violenta. Ainda há poucas semanas, uma jornalista viu o seu trabalho violado por uma decisão editorial, directamente dependente da decisão política desse órgão de comunicação.

Há, por tudo isto que devia caber em 5 minutos, necessidade de renovar, investir e reforçar a nossa acção a nível da informação e comunicação, designadamente fazendo uma melhor gestão da agenda sindical, coordenando-a melhor com os acontecimentos e os factos que necessitam de uma resposta rápida, clara e eficaz.

Se é verdade que compete às direcções sindicais fazerem esse trabalho, não nos esqueçamos que cada um dos que está presente nesta sala pode dar-lhe um importante impulso:

- Mantendo e actualizando placards sindicais;

- Informando a sua direcção de todo e qualquer facto que levante dúvidas ou suscite polémica;

- Preparando os colegas para a importância da realização e da participação nas reuniões sindicais e nas lutas que realizamos;

- Transferindo conhecimento para os seus colegas, se necessário recorrendo aos dirigentes da sua área sindical;

- Organizando os núcleos sindicais para que sejam capazes de mostrar a importância de sindicatos fortes e democráticos, porque assentam a sua actividade na vida das escolas e nas expectativas dos professores, mas que são, ao mesmo tempo, firmes e exigentes.

Investir na informação é, portanto, uma necessidade, mas também uma tarefa de todos nós.

Com mais e melhor informação ajudamos a construir o Portugal de Abril.

Vivam os professores, educadores e investigadores!

Viva a FENPROF!