Quem, ultimamente, tem estado atento/a ao que dizem alguns dos responsáveis políticos, tanto do partido do governo, como daquele que pretende substituí-lo, poderá pensar que tal se deve ao facto de termos o Natal à porta. É verdade que temos, mas não é desse espírito que aqueles políticos estão imbuídos; o que já tomou conta deles foi mesmo o espírito eleitoralista, que bate aos pontos o natalício.
“Agora é que vai ser!” – procurarão dar a entender, incluindo os que nunca deixaram que tivesse sido.
Eleições à vista, os principais responsáveis pela desvalorização da profissão de professor surgirão a louvar o seu papel e importância na construção do futuro. A todos nós, as palavras soarão a hipocrisia, no entanto, não deixarão de ser registadas para, no momento adequado, lembrarmos os que assumiram os compromissos. Mas não nos convençamos que a sua concretização irá dispensar a luta. Nunca dispensou e o mundo não mudou assim tanto.
Se os professores que estão no ativo conhecem bem as consequências das políticas que sobre si se têm abatido, os colegas já aposentados não estiveram livres delas.
Ser aposentado tem sido, cada vez mais, um tempo que, devendo ser de certezas face às legítimas expetativas criadas, se transformou em aventura. Não há uma estratégia para este grupo de professores, como não há para os trabalhadores aposentados em geral, com os governos a limitarem-se a tomar medidas mais de natureza caritativa do que efetivamente social.
Vêm aí eleições. Até lá não podemos ficar, simplesmente, à espera que os partidos prometam fazer o que, até agora, não fizeram. Temos de lhes exigir compromissos sérios para o futuro, mas também exigir que prestem contas pelo passado. A memória não pode ser curta e, sendo certo, que os erros do passado não são inevitabilidades do futuro, há que distinguir entre compromissos sérios, entusiasmos eleitorais e eleitoralismo.
Atentos deverão, também, os colegas aposentados estar a quem promete mundos e fundos, adotando um discurso que cai bem a toda a gente. O populismo é isso mesmo: vai ao encontro do que as pessoas querem ouvir, vive da (justa) insatisfação da população e aloja-se no sentimento de indignação que cresce em cada pessoa. É preciso que saibamos desmontar aquele discurso a partir do ideário de quem o profere, para não se ser apanhado numa qualquer armadilha. Bem sabemos o que pensam e o que querem da segurança social alguns dos que agora aparecem com os discursos mais pungentes. Como conhecemos o seu conceito de solidariedade.
Dito isto, em nome da direção da FENPROF, desejo umas Boas Festas aos/às Colegas, com a certeza de que, no ano que aí vem, continuarão a contar com os Sindicatos da FENPROF na defesa dos seus direitos e na luta pela sua efetivação.
Mário Nogueira
Secretário-Geral da FENPROF
