Cerca de meio milhar de alunos da Universidade do Algarve protestaram (30/9) contra a prevista fixação do valor da propina em 600 euros. O senado universitário reuniu mas acabou por adiar a decisão para data a definir. Os estudantes criticam a alegada incoerência do reitor, Adriano Pimpão, que já defendeu que o valor da propina não deveria exceder o que foi fixado como mínimo, 463 euros, porque esta já representa um aumento, comparativamente ao valor anterior, de 30 por cento.
No final da reunião do senado, o reitor explicou à Lusa que a decisão foi adiada porque parte dos membros presentes na reunião desconhecia a situação financeira da instituição. "Faltam alguns elementos que a tutela não esclareceu, nomeadamente no que respeita à acção social", justificou Adriano Pimpão, recordando que só no dia 29 de Setembro é que o Governo promoveu uma reunião com os administradores da Acção Social Escolar para designar os valores das bolsas.
Os estudantes lembram que o ministro "presenteou" as universidades com cortes orçamentais na ordem de 1,5 por cento. "Esta situação reflecte, mais uma vez, o claro desinvestimento" no ensino superior, lamentam os alunos. Adriano Pimpão acusa o Governo de faltar às promessas feitas e ter baixado as verbas orçamentais para as universidades. Assim, o aumento da propina é visto como uma necessidade de "ir buscar a receitas próprias, o que não vem no Orçamento do Estado".
Segundo o reitor, a situação criada pelo Ministério da Ciência e do Ensino Superior "é de tal maneira que as instituições não têm outra alternativa". Assim, acrescenta o reitor, serão as universidades que vão colher as consequências políticas da decisão ministerial, o que considera ser "uma tremenda injustiça".
A associação académica refere que os alunos tencionam boicotar a próxima sessão do senado. Para já, os estudantes vão lançar a campanha "Operação Coração", com o objectivo de que cada estudante contribua com um cêntimo para apoiar a instituição. Está ainda agendada, para o dia 2 de Outubro, uma assembleia magna extraordinária com o objectivo de decidir novas medidas de contestação.