Faz hoje parte da retórica do discurso político a referência aos docentes como actores principais e insubstituíveis de qualquer reforma do sistema educativo do mesmo modo que se reitera sistematicamente a ideia de que a qualidade do ensino e das aprendizagens passa pelo empenhamento e motivação dos professores.
De facto, há que apostar, sem ambiguidades, na mobilização dos professores na certeza de que a estimulação da capacidade reflexiva e o incentivo a uma prática pedagógica inovadora são vectores indispensáveis à melhoria da qualidade do ensino-aprendizagem.
Esta atitude é tanto mais de incrementar quanto estamos a atravessar um tempo que tem feito recrudescer o espírito de mal-estar entre a classe docente, eivado de um desencanto e amargura pessoal e profissional que têm desmotivado muitos professores e gerado situações de desgaste físico e psicológico em milhares de outros.
Um dia escrevemos que os professores dão rosto ao futuro, na substantiva convicção de que essa construção árdua, complexa e, por vezes, áspera exige que a profissão docente seja valorizada, reconhecida e estimulada de modo a tornar-se mais atractiva para todos quantos nela trabalham.
Esta saudação encerra, no seu avesso, de forma integralmente assumida, a condenação de todas as políticas educativas que têm iniquamente postergado o papel dos professores, muitas vezes nem sequer os ouvindo, numa atitude de intolerável menosprezo, e criado e mantido condições de trabalho demasiado precárias para permitirem um salto positivo na qualidade da educação e do ensino.
Porém, a esperança só fenece nos que se derrotam a si próprios.
Paulo Sucena
Secretário-Geral da FENPROF