Nacional
29 de Maio, onda de protesto em Lisboa: um "mar de gente" desceu a Avenida

Milhares de professores e educadores na grande manifestação nacional da CGTP-IN: o tempo é de protesto e luta!

29 de maio, 2010

Depois da concentração na Av. 5 de Outubro, junto ao Ministério da Educação, milhares de professores, oriundos de todos os pontos do País - Norte, Centro, Grande Lisboa, Sul, Açores e Madeira -,  deslocaram-se em direcção ao Marquês de Pombal, a fim de se juntarem à Administração Pública (que teve uma pré-concentração na esquina da Rua da Artilharia Um com a Rua Joaquim António Aguiar). Entretanto, nas Picoas, tinham-se concentrado os trabalhadores do sector privado. Assim, a partir do Marquês de Pombal a manifestação da CGTP-IN arrancou, em força, descendo a Avenida da Liberdade, rumo aos Restauradores. Uma manifestação histórica! Que mostra, com toda a clareza, que os trabalhadores portugueses não estão dispostos a ficar de braços cruzados perante as injustiças de uma política cega de PECs e de ataques aos cidadãos.

Na concentração junto ao ME, Mário Nogueira salientou: "Há alguns dias afirmei aqui, e parece ter caído muito mal em determinados meios geralmente próximos do Governo, que se o ME quiser construir e mudar o que está mal, contará connosco, sem reservas de qualquer tipo, mas se o que pretende é continuar a declarar guerra à Educação e aos professores, então terá a resposta adequada. Uma resposta que passará por intervir e agir nos mais diversos planos, como o institucional, o jurídico e contencioso, mas também o reivindicativo com a luta a ocupar a rua, espaço privilegiado para que se desenvolva a acção".

Uma exigência que se coloca
a toda sociedade

"Hoje", prosseguiu o Secretário Geral da FENPROF,  "é dessa luta que se trata. Estamos aqui, junto ao ME, para reclamarmos o que nos é específico, mas vamos agora convergir com os outros trabalhadores, pois a maioria dos problemas que vivemos no nosso sector resulta de políticas que a todos afecta, além de que a defesa da Escola Pública e da qualidade na Educação e no Ensino não é coisa que se resuma aos profissionais do sector. É uma exigência que se coloca a toda sociedade e a todos os cidadãos.Vamos dar mais força à força de estarmos juntos! Vamos dar força ao protesto de todos, pois assim estaremos também a reforçar o nosso protesto!"

"Contra os PECs, defender a profissão e a escola pública" - lia-se num dos primeiros panos do desfile dos professores, rumo ao Marquês de Pombal. Grandes balões azuis, a par de muitas bandeiras da FENPROF e dos seus Sindicatos, deram um colorido especial a esta acção de unidade, luta e protesto, num momento em que cada vez mais professores e educadores confirmam que, como disse Mário Nogueira junto ao ME, "não somos uma ilha no meio do oceano de más políticas, pois, tal como os outros trabalhadores, também os professores, também a Educação estão a ser vítimas da ganância daqueles que são os donos do dinheiro e do baixar de braços dos que, tendo sido eleitos para governar, se limitam a gerir os interesses e bens do grande capital". 

Carvalho da Silva nos Restauradores:
"Temos de agir com todas as nossas forças"

Já nos Restauradores, no final do grande desfile, o Secretário-Geral da CGTP-IN (no início da sua intervenção ainda havia manifestantes a sair do Marquês de Pombal) realçou a importância da luta firme  contra o PEC e contra as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo.

«Estamos aqui porque temos de agir com todas as nossas forças contra as medidas anunciadas e para que muitas destas medidas sejam revogadas, todas aquelas que sejam contrárias aos trabalhadores, ao povo e ao desenvolvimento do país», destacou o dirigente da Central, que salientou a extraordinária participação dos trabalhadores nesta acção da CGTP-IN.

Carvalho da Silva disse ainda que era favorável a «cortes na despesa».«Que cortem nas parcerias público-privadas, que alimentam um capital parasitário e que nos lavam 28 mil milhões por ano», foi uma das propostas que reiterou.O dirigente sindical propôs ainda o corte nos «estudos e estuduzinhos que levam 1400 milhões num ano» e nos «quatro mil milhões de euros disponibilizados para o BCP e BPN e nos outros muitos milhões que disponibilizaram».«Que cortem nos benefícios fiscais socialmente injustos. Que cortem nos desperdícios e gastos desnecessários e há tanto a cortar naqueles que estão no poder», acrescentou.

Carvalho da Silva apelou ainda à unidade de todos os sindicatos.«É tempo de reforçarmos a nossa unidade, de convergirmos e debaixo das nossas bandeiras e afirmando a justeza das nossas propostas lutarmos pela mudança e por um rumo diferente para o nosso País», concluiu. 

Na resolução da manifestação, foi assumida “total disponibilidade e empenho não só para o prosseguimento de lutas em curso, mas também para adoptar todas as formas de luta que a Constituição consagra, decidindo do seu tempo e da sua forma em função dos actos que o Governo vá assumindo, do evoluir da situação política, económica e social do país”. / JPO