Nacional

"Faremos a nossa parte para que estes seis meses de discussão não sejam vazios"

05 de julho, 2007

Cerca de 25 mil trabalhadores e sindicalistas europeus desfilaram em Guimarães contra a flexigurança - despedimentos mais fáceis conjugados com maior protecção social. A manifestação, que obrigou ao corte do trânsito e mobilizou um forte dispositivo de segurança, apesar de discreto, coincidiu com a reunião informal dos ministros do Emprego e Assuntos Sociais da União Europeia (UE), que hoje termina naquela cidade.

A marcha, que teve início cerca das 15.20 na Praça do Toural, atingiu o seu ponto alto nas traseiras do Pavilhão Multiusos, sede da União Portuguesa na cidade que àquela hora acolhia os 27 ministros responsáveis pelas questões sociais na UE. Apesar do calor tórrido que se fazia sentir, era visível a vontade de fazer chegar às salas de reuniões as frases de protesto. O barulho ouviu-se e o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, fez questão de abandonar a reunião da Troika com os parceiros sociais em que participava para dar uma palavra de incentivo e apoio aos manifestantes que ostentavam cartazes em português, inglês, francês, espanhol e alemão. "Faremos a nossa parte para que estes seis meses de discussão não sejam vazios", disse o líder da CGTP, central que organizou a manifestação.

Já antes, ao DN, Carvalho da Silva - que fez questão de estar presente no início da marcha de cinco quilómetros - disse querer transmitir "uma mensagem de esperança", frisando que a CGTP "lutará com determinação para, na fase decisiva e no momento certo afirmar as suas reivindicações".

Apesar de afirmar que está disponível para negociar, Carvalho da Silva considera que esta é uma "negociação subvertida". Isto é, "os conteúdos colocados em cima da mesa, quase de forma impositiva, só dizem respeito a flexibilidade e não à segurança". Num tom crítico, acusou a UE de pouco fazer quanto à precariedade e retirada de direitos aos trabalhadores europeus.

Para o dirigente da CGTP, a segurança dos trabalhadores "exige soluções de fundo" e não "pinceladas e tintura de iodo" de políticas de emprego ou formação". É que para esta vertente ter sucesso, disse, "é necessário, ao mesmo tempo, uma evolução no modelo de desenvolvimento".

Carvalho da Silva assumiu assim uma posição menos aberta que o dirigente da UGT relativamente ao debate da flexigurança, garantindo que parte para esta discussão com um disponibilidade para o combate. "Estamos a andar para trás", disse, temendo na segurança", disse (?).

Também o o secretário-geral da Confederação dos Sindicatos Europeus, John Monks, disse à margem da reunião que a flexigurança "está a assustar os trabalhadores".
Diário de Notícias, 6/07/2007