Nacional
Firmeza e determinação dos professores num histórico dia de luta nas ruas de Lisboa (17 de Novembro de 2006)

Vigília, Plenário e Cordão Humano

19 de janeiro, 2007

 

Após 49 horas seguidas de Vigília à porta do ME, acção que decorreu entre as 11h00 do dia 15 e as 12h00 do dia 17 de Novembro, teve lugar no Parque Eduardo VII, junto ao pavilhão Carlos Lopes, um grande plenário de educadores e professores (foto), que registou intervenções de membros das organizações da Plataforma Sindical Docente.


Marcado por um ambiente de firmeza e determinação e também de confiança, o plenário reafirmou o apelo à unidade e à convergência dos educadores e professores neste momento especial da luta em defesa da sua identidade profissional, por um Estatuto digno e valorizador.

Como sublinharam os dirigentes das organizações sindicais, nomeadamente Paulo Sucena, secretário-geral da FENPROF e porta-voz da Plataforma, a justa luta dos docentes tem suscitado uma crescente onda de solidariedade de vastos sectores da opinião pública portuguesa, ao mesmo tempo que a política do ME e a actuação dos seus dirigentes (ministra e secretários de Estado) estão cada vez mais isoladas, merecendo mesmo fortes críticas oriundas de diferentes sectores da sociedade e de personalidades de referência no panorama da comunicação, da cultura, da ciência, das artes e da vida política do País."A nossa determinação é inabalável", garantiu Sucena, que lembrou "o profundo empenhamento" dos educadores e professores portugueses na construção de uma escola pública de qualidade para todos, que promova o sucesso educativo e motive os alunos.

Os mais de 4 000 docentes presentes no encontro sindical do Parque Eduardo VII formaram depois um longo cordão humano, que enfrentou a chuva e a distância até ao ME, percorrendo a Av. Fontes Pereira de Melo, seguindo até ao Saldanha, avançando pela Av. da República, em direcção à Av. 5 de Outubro. Só quase uma hora depois da chegada da cabeça do cordão de quase dois mil metros de comprimento é que o desfile terminava, envolvendo o edifício do Ministério e ocupando a placa central da avenida frente ao ME.

"Categoria só há uma, professor e mais nenhuma" - foi uma das várias palavras de ordem ouvidas durante o cortejo e depois na concentração na 5 de Outubro, onde uma delegação sindical entregou o Abaixo-Assinado "Não à chantagem, sim à negociação", em audiência concedida pelo Secretário de Estado Adjunto e da Educação.

Depois da maior manifestação de professores até hoje realizada em Portugal (Marcha de 5 de Outubro) e depois da maior greve de sempre da classe (17 e 18 de Outubro), os educadores e professores portugueses, revelando nova e inequívoca mensagem de rejeição da política do ME, deram vida ao maior Abaixo-Assinado que o País já conheceu em contexto de acção sindical, recolhendo mais de 65 000 assinaturas num documento que exige verdadeira negociação e repudia qualquer tipo de chantagem sobre os docentes e as suas organizações.
"Mais de 65 000 professores expressaram o seu desacordo com uma proposta de Estatuto que representa a liquidação da profissão docente e a degradação das condições de trabalho e da dignidade dos professores. Esperamos que contribua para que o Ministério altere as suas posições", afirmou Mário Nogueira, momentos antes de entrar no ME com a delegação sindical que entregou as sete caixas com o Abaixo-Assinado.

"Enquanto há negociação há vida!"

 

Destacando que "a negociação não tem que acabar na próxima segunda-feira" (20 de Novembro, dia apontado pelo ME para encerramento da negociação suplementar), Mário Nogueira, falando aos jornalistas e aos docentes que participaram no cordão humano, sublinhou que "enquanto há negociação há vida" e que as organizações sindicais continuam firmes na sua postura responsável e empenhada de abertura ao diálogo e à negociação com o ME.

Nogueira referiu que o Ministério está a trabalhar nas alterações à sua última proposta (prometidas no arranque da negociação suplementar), acrescentando que "na segunda-feira avaliaremos a situação", para depois "tomarmos na Plataforma Sindical Docente as decisões que se considerarem apropriadas, nomeadamente nos planos institucional, jurídico-institucional e de acção e luta".

Comentando o anúncio de eventuais convites do ME para a participação em grupos de trabalho destinados à regulamentação de aspectos do ECD, numa perspectiva de "encontrar decisões técnicas para matérias essenciais que merecem a nossa firme oposição", Mário Nogueira salientou que só se entende uma "regulamentação correcta em sede negocial", comentando depois que algumas alterações positivas na atitude do ME nas últimas horas são já resultantes da luta e da pressão dos educadores e professores e das suas organizações.

"A luta vai continuar e vamos continuar a dar rosto e voz às justas exigências dos docentes. Não podemos aceitar o inaceitável", concluiu o dirigente sindical./ JPO