Nacional

"Da nossa parte, o governo não contará com qualquer cumplicidade nesta sua cruzada de miséria"

28 de fevereiro, 2014

Destacando a importância das marchas organizadas pela CGTP-IN em defesa das funções sociais do Estado, Mário Nogueira deixou aqui há dias algumas notas que recordamos:

Passos Coelho, no congresso do PSD, confirmou que assim seria, o FMI veio dizer que afinal os sinais de recuperação que os governantes têm visto são ilusão de ótica e, por isso, governo e troika em sintonia, preparam-se para impor mais medidas gravíssimas. Novos cortes nas remunerações (salários e pensões) estão à vista e a reforma do Estado, que retira a Educação da esfera das suas funções “essenciais”, é para avançar rapidamente, como o primeiro-ministro e a troika já fizeram saber.

Com o fim do programa de resgate, o empobrecimento vai continuar e a exploração aumentar, haja programa cautelar, haja monitorização ou, como também se diz, haja saída à irlandesa. Seja qual for a saída, Portugal continuará sujeito às regras de um Tratado Orçamental que tornará ainda mais profundo o rasto de desemprego e pobreza que já hoje existe. Uma coisa é certa, não há saída limpa de um processo de agiotagem que é sujo e, face a uma dívida que se tornou impagável, só a sua plena renegociação– tempos, juros e montante – daria alguma esperança para o futuro.

Tal renegociação teria de, necessariamente, incluir um perdão de cerca de 50% da dívida, aproximando-a de cerca de 60% do PIB. De outra forma, não haverá forma de a pagar e o que teremos são juros em cima de juros que, em 2014, atingirão (só os juros!) um valor superior aos 7.000 milhões de euros, estando já a dívida em 130% do PIB (era de 94% antes da chegada da troika).

Todos temos lutado muito contra esta situação em que nos encontramos, certos de que, pela nossa luta apenas temos conseguido atrasar e, eventualmente, atenuar algumas medidas, embora ainda não tivéssemos conseguido parar este disparate. Daí não ser tempo de baixar os braços e, chegados aqui, não podemos virar as costas à luta, pois eles não as irão virar e se percebessem que o faríamos prosseguiriam o processo de empobrecimento de uma forma ainda mais brutal. É para isso que Passos Coelho pede que convirjam consigo.

Da nossa parte, o governo não contará com qualquer cumplicidade nesta sua cruzada de miséria
. Para tentarem convencer as pessoas, vêm com a conversa dos indicadores positivos, do milagre económico, do “chegámos aqui e é só mais um bocadinho”, mas por cada bocadinho que acrescentam são mais e maiores os problemas que surgem. / MN