Nacional
Declaração do Secretário Geral da FENPROF:

A propósito do Inglês no 1º Ciclo

19 de setembro, 2013

Para quem recusava ver, eles aí estão em todo o seu esplendor: o cinismo e a hipocrisia do atual ministro da Educação. Ao ser confrontado com o fim do Inglês, enquanto oferta obrigatória das AEC, afirmou que o fazia em nome da autonomia e da liberdade das escolas. Nada mais falso. Que responda Nuno Crato: as escolas que não tiverem recursos humanos disponíveis (entendam-se, professores de Inglês com horário zero ou com horário incompleto) poderão recorrer à contratação para garantirem o Inglês como “oferta de escola” no 1.º Ciclo do Ensino Básico? A resposta é conhecida: não podem, porque a designada “oferta de escola” está dependente da existência de recursos humanos.

Pergunta-se então: como se exercem a autonomia e a liberdade das escolas numa situação destas? Como podem escolas decidir, no quadro da sua autonomia, oferecer aos seus alunos do 1.º Ciclo o acesso ao Inglês se, depois, o MEC as impede de contratarem docentes para o efeito?

Repare-se no que fez o MEC : acabou com o Inglês nas AEC, onde, embora fosse de oferta obrigatória, não era de frequência universal, dado que nem todos os alunos frequentam estas atividades que são de caráter facultativo; transferiu o Inglês para o currículo o que, à partida, poderia significar a universalização da oferta e da frequência; porém, com essa manobra, reduziu ainda mais o universo dos que têm acesso ao Inglês no 1.º Ciclo.

Esta imposição e as suas consequências – que a FENPROF denunciou logo que se conheceu a medida – serão extremamente negativas para os alunos que ao chegarem ao 2.º Ciclo se encontrarão em situação de grande desigualdade: uns tiveram Inglês no ciclo anterior, outros estão em completa iniciação à língua.

Para os professores essa será mais uma dificuldade extra, pois as turmas serão extremamente heterogéneas no que respeita a esta disciplina. Como acontece cada vez mais, mas essa é uma questão que nada diz a Nuno Crato, os únicos que não terão qualquer prejuízo serão aqueles cujos pais tiverem condições financeiras para garantirem a iniciação em escolas privadas de Inglês. Mas esse é o lado para onde o ministro e os seus inefáveis secretários de estado dormem melhor. E sonham, porque o seu sonho é dar cabo da Escola Pública.

Não podemos deixar que as coisas continuem assim, sendo tempo de nos revoltarmos e dizermos basta! cinismo e à hipocrisia de Crato

Mário Nogueira
18 de setembro de 2013