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Texto de opinião de Sérgio Niza

03 de janeiro, 2014

Como se poderá entender esta fúria examinatória, tão redundante e extemporânea, do Ministério de Educação e Ciência?

Para além da multiplicidade de provações e de exames que asfixiam a impossível educação dos portugueses, o Ministério reforça agora a vigilância dos professores. Detém já, pelo menos, quatro dispositivos para o controlo da formação e desenvolvimento da profissão docente: uma agência que acredita e avalia, periodicamente, os cursos de modelo único para professores generalistas e especialistas de qualquer das instituições de ensino superior de formação; um ano probatório para selecionar os docentes em contexto da prática profissional, após a sua habilitação; uma estrutura de avaliação do desempenho, condicionante da evolução profissional e um corpo de inspeção que vigia e avalia a adequação das práticas institucionais e profissionais às normas de política educativa.

Para reforçar o policiamento dos vários dispositivos já implementados, o Ministério vem agora impor um exame de cultura geral e outro para apurar o nível de conhecimento disciplinar dos professores antes de se candidatarem à vinculação a um quadro profissional.

Porquê tal esbanjamento de meios em tempo de tão escassos recursos? Porquê tão furiosa vigilância e quebra de respeito pela função docente?

Trata-se de mais uma violenta manifestação das políticas kitsch da educação que sofremos.

Em vez de se realizar a regulação do sistema através de dispositivos de avaliação transformadora, impõe-se um aparelho selecionador e sancionatório  até que a exaustão e o medo  afastem a emergência de novas vocações para a docência, indispensáveis para assegurarem um melhor futuro aos cidadãos.

Espera-se de todos uma atenção sem quebras. Começa a ser tarde para despertar a cidadania ativa dos portugueses  para assegurarem  uma  educação em democracia. / Sérgio Niza