Nacional
82 escolas ameaçadas no distrito de Viana do Castelo (Lusa)

Santiago do Cacém contra fecho de escola do 1º Ciclo

20 de fevereiro, 2006

A Câmara Municipal de Santiago do Cacém vai enviar um parecer à Direcção Regional de Educação do Alentejo (DREA) a contestar o possível encerramento da escola de primeiro ciclo do ensino básico de São Francisco da Serra.

A escola do primeiro ciclo do ensino básico de São Francisco da Serra é frequentada actualmente por quatro alunos, embora os pais garantam que estão previstas "mais matrículas para o próximo ano lectivo".

Os pais alegam ainda que "pelo menos três crianças de São Francisco da Serra frequentam a escola de Santa Cruz, para onde são transportadas pela Câmara".

A decisão de enviar um parecer foi tomada pela autarquia na sequência de uma reunião com os pais dos alunos, população e professores do estabelecimento de ensino. Teresa Ramos, representante dos pais, adiantou hoje que "a Câmara vai enviar para o Ministério da Educação e para a DREA um parecer, elaborado em conjunto com os encarregados de educação e com o Agrupamento Escolar, para o não encerramento da escola". Satisfeita com a decisão tomada pelo município, Teresa Ramos manifestou "esperança de que a escola não feche e que o Centro de Educação Pré-Escolar (CEPE) proposto para a zona também possa abrir".

Indignados com a possibilidade do encerramento da escola no próximo ano lectivo, os pais e população local entregaram na semana passada um abaixo-assinado, com 265 subscritores, contestando a decisão. O documento foi dirigido à Ministra da Educação, DREA, Junta de Freguesia de São Francisco da Serra, Agrupamento de Escolas de Santiago do Cacém, Área Educativa do Baixo Alentejo e Alentejo Litoral e Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE).

Em cima da mesa está a possibilidade de encerrar uma de três escolas do primeiro ciclo do ensino básico da freguesia (São Francisco da Serra, Roncão e Cruz de João Mendes), bem como a possibilidade de ser criado um CEPE em qualquer uma das localidades.

Lusa, 2/02/2006

No final do ano lectivo
Distrito de Viana do Castelo
deverá encerrar 82 escolas do primeiro ciclo 
  

Oitenta e duas escolas do primeiro ciclo do ensino básico do distrito de Viana do Castelo deverão encerrar definitivamente no final do presente ano lectivo. Arcos de Valdevez é o concelho mais atingido.

A informação foi hoje avançada à Lusa pelo coordenador do centro de área educativa de Viana do Castelo, Aristides Sousa, que acrescentou serem 29 as escolas a fechar apenas no concelho de Arcos de Valdevez.

Ponte da Barca, com 15 estabelecimentos de ensino, e Ponte de Lima, com 12, são os outros dois concelhos mais afectados no total de escolas a encerrar, afirmou Aristides Sousa.

Actualmente, o distrito de Viana do Castelo conta com 257 escolas daquele grau de ensino, que são frequentadas por um total de 27.708 alunos.

Dessas escolas, 11 têm menos de cinco alunos, 53 menos de dez e 101 menos de 20, pelo que, no total, são 165 as que "não cumprem os mínimos" fixados pelo Governo para se manterem abertas.

No entanto, as previsões apontam para o fecho de 82, já que, como explicou Aristides Sousa, "há um conjunto variadíssimo de factores", nomeadamente a existência ou não de alternativas aceitáveis, que contribuem para que o "plafond" de 20 alunos não possa ser aplicado "de uma forma cega".

O plano de reordenamento da rede escolar prevê ainda o encerramento de seis escolas em Caminha, seis em Monção, cinco em Melgaço e três em Valença, Viana do Castelo e Vila Nova de Cerveira.

Neste momento, o concelho de Ponte de Lima tem 56 escolas abertas, seguindo-se Viana do Castelo com 52, Arcos de Valdevez com 46, Ponte da Barca com 26 e Monção com 23.

Caminha (17 escolas), Valença (14), Vila Nova de Cerveira (12) e Melgaço (dez) são os concelhos que se seguem, sendo o último lugar do "ranking" ocupado por Paredes de Coura, com uma única escola, onde está concentrado este grau de ensino, depois de no final do último ano lectivo terem encerrado as 23 escolas do primeiro ciclo do ensino básico que existiam nas várias freguesias.

"Desde Outubro que andamos a trabalhar neste processo, envolvendo e auscultando todos os agrupamentos escolares, pais e encarregados de educação e câmaras municipais", disse também o coordenador do centro de área educativa de Viana do Castelo.

Aristides Sousa salientou que o objectivo é "melhorar o processo sócio-educativo" das crianças, garantindo "igualdade e equidade" no ensino. Neste momento, por exemplo, nem todas as escolas usufruem do prolongamento de horário e o ensino do inglês não é extensível a todos os alunos do 3º e 4º ano, frisou.

Os primeiros sinais públicos de "resistência" ao encerramento de escolas naquele distrito do Minho fizeram-se sentir ontem à noite, em Ponte da Barca, quando os pais dos alunos de uma escola da freguesia de Vila Chã S. João foram à sede do concelho "pedir explicações" ao presidente da Câmara.

"Não é um processo pacífico, mas é irreversível", afirmou Vassalo Abreu, presidente daquela autarquia. O autarca manifestou-se convencido de que esta é uma "medida boa" para a educação das crianças, mas disse compreender os receios dos pais, relacionados com o facto de os seus filhos "terem de andar dez quilómetros de autocarro e saírem de casa de manhã para só regressarem à noite".

 Lusa, 25/01/2006