Ciência
Estão a recuar 10 a 15 metros por ano (Público, 14/03/2005)

Fusão de glaciares dos Himalaias ameaça milhões de asiáticos

21 de março, 2005
A fusão dos glaciares dos Himalaias, acelerada pelo aquecimento global do clima, ameaça o abastecimento de água de centenas de milhões de asiáticos, alerta o Fundo Mundial para a Natureza (WWF).

Numa primeira fase vão ocorrer muitas inundações, mas algumas décadas mais tarde, a falta de água vai causar graves problemas económicos e ambientais aos habitantes da China, do Nepal e da Índia.

Os glaciares dos Himalais, que representam a maior concentração de gelo do planeta a seguir aos pólos, estão a recuar actualmente à velocidade de dez a 15 metros por ano, indica um relatório do WWF sobre a fusão dos glaciares na Índia, na China e no Nepal.

"A fusão rápida dos glaciares vai primeiro traduzir-se num aumento do débito dos cursos de água, que provocará importantes inundações", prevê a organização ambientalista internacional. "Mas no espaço de alguns decénios, a situação vai mudar e o fluxo de água vai diminuir, causando enormes problemas económicos e ambientais aos habitantes do oeste da China, do Nepal e do norte da Índia", refere o WWF.

O relatório foi divulgado na véspera dos encontros, em Londres, dos ministros da Energia e Ambiente de 19 países. Esta reunião, organizada pelo Reino Unido no quadro da sua presidência do G8, centrar-se-á na luta contra as alterações climáticas e no desenvolvimento. A China e a Índia, que ocupam respectivamente o segundo e o sexto posto mundial em emissões de CO2, fazem parte dos países emergentes convidados.

Os glaciares dos Himalaias estendem-se por 33 mil quilómetros quadrados e alimentam sete grandes rios que atravessam algumas das regiões mais populosas do mundo: o Yangtsé e o Rio Amarelo, o Ganges, o Indus, o Bramaputra, o Mekong e o Saluen.

A sua fusão afectará o potencial hidroeléctrico dessas regiões, bem como a sua capacidade de irrigação, segundo o WWF, que lembra que a temperatura subiu um grau na região desde a década de 1970.

"Público", 14/03/2005