Nacional
27 FEVEREIRO, LISBOA E PORTO: MARCHA PELO EMPREGO, SALÁRIOS, SAÚDE, EDUCAÇÃO E PROTEÇÃO SOCIAL

No momento que vivemos, inevitável só mesmo a luta por um futuro que não seja refém deste presente

24 de fevereiro, 2014

Nesta quinta-feira, dia 27, a partir das 18.30 horas, em Lisboa e no Porto, realizar-se-ão Marchas em defesa do Emprego, Salários, Saúde, Educação e Proteção Social (ver Manifesto). Elas acontecem num momento muito importante em que a troika se encontra no nosso país e já começam a ser admitidas novas e ainda mais duras medidas contra os trabalhadores e os serviços públicos.

Passos Coelho, no congresso do PSD, confirmou que assim seria, o FMI veio dizer que afinal os sinais de recuperação que os governantes têm visto são ilusão de ótica e, por isso, governo e troika em sintonia, preparam-se para impor mais medidas gravíssimas. Novos cortes nas remunerações (salários e pensões) estão à vista e a reforma do Estado, que retira a Educação da esfera das suas funções “essenciais”, é para avançar rapidamente, como o primeiro-ministro e a troika já fizeram saber.

Com o fim do programa de resgate, o empobrecimento vai continuar e a exploração aumentar, haja programa cautelar, haja monitorização ou, como também se diz, haja saída à irlandesa. Seja qual for a saída, Portugal continuará sujeito às regras de um Tratado Orçamental que tornará ainda mais profundo o rasto de desemprego e pobreza que já hoje existe. Uma coisa é certa, não há saída limpa de um processo de agiotagem que é sujo e, face a uma dívida que se tornou impagável, só a sua plena renegociação– tempos, juros e montante – daria alguma esperança para o futuro. Tal renegociação teria de, necessariamente, incluir um perdão de cerca de 50% da dívida, aproximando-a de cerca de 60% do PIB. De outra forma, não haverá forma de a pagar e o que teremos são juros em cima de juros que, em 2014, atingirão (só os juros!) um valor superior aos 7.000 milhões de euros, estando já a dívida em 130% do PIB (era de 94% antes da chegada da troika).

Todos temos lutado muito contra esta situação em que nos encontramos, certos de que, pela nossa luta apenas temos conseguido atrasar e, eventualmente, atenuar algumas medidas, embora ainda não tivéssemos conseguido parar este disparate. Daí não ser tempo de baixar os braços e, chegados aqui, não podemos virar as costas à luta, pois eles não as irão virar e se percebessem que o faríamos prosseguiriam o processo de empobrecimento de uma forma ainda mais brutal. É para isso que Passos Coelho pede que convirjam consigo. Da nossa parte, o governo não contará com qualquer cumplicidade nesta sua cruzada de miséria. Para tentarem convencer as pessoas, vêm com a conversa dos indicadores positivos, do milagre económico, do “chegámos aqui e é só mais um bocadinho”, mas por cada bocadinho que acrescentam são mais e maiores os problemas que surgem.

Dia 27, quinta, é nossa obrigação darmos uma grande e forte resposta de luta neste momento que, como se afirma no início, é muito importante também porque nos gabinetes dos governantes se estão a decidir maiores sacrifícios a impor a Portugal e aos portugueses.

Neste dia, no Funchal, os trabalhadores madeirenses concentrar-se-ão na Praça do Município. Também no Porto, a Marcha juntará todos os trabalhadores numa caminhada do Largo dos Loios à Via Catarina, sendo muito importante a presença do SPN. Em Lisboa, todos se juntarão em São Bento – junto à residência oficial do PM –, mas o ponto de partida será diverso (MTSS, MS e MEC). Aqui, SPGL, SPRC e SPZS participarão e, desde logo, juntar-se-ão no MEC (Av. 5 de Outubro) a outros trabalhadores da Educação, a outros agentes educativos e a cidadãos em geral. Antes de inciarmos a Marcha,  teremos intervenções sobre a situação que vivemos e entregaremos no MEC (os Sindicatos da FENPROF) o abaixo-assinado/Petição “Professores tomam posição em defesa de uma Educação Pública e de Qualidade”. Este documento poderá ser ainda assinado na página web www.fenprof.pt e, se na tua escola, ainda houver documentos assinados em suporte de papel, pedimos-te que os faças chegar à FENPROF até às 15 horas de dia 27.

Vamos, mais uma vez, dar uma resposta à altura do ataque que está a ser desferido contra a profissão e a Escola Pública. Vamos estar presentes nesta Marcha em defesa da Educação, sim, mas, de uma forma geral, das funções sociais do Estado, do Emprego e dos Salários. Em suma, em defesa de outra política que, sabemos todos, o atual governo não sabe e, sobretudo, não quer desenvolver. / Mário Nogueira