Nacional
Manifestação gigantesca em Lisboa

Professores unidos jamais serão vencidos!

15 de junho, 2013

Por um dia, a luta firme e corajosa dos professores – tema central da atualidade nacional – saíu das escolas e foi para a rua, numa gigantesca afirmação de resistência e indignação. Largos milhares desceram a Avenida e garantiram: a luta segue dentro de horas com uma grande greve já na segunda-feira, dia 17.

Palco de históricas jornadas, a Avenida da liberdade, em Lisboa, voltou a transformar-se, neste sábado, num mar de protesto, com largos milhares de professores, educadores e investigadores a exigir respeito pela sua profissão, pelo ensino e pelo futuro do país, gritando palavras de ordem como: "Emprego sim, despedimentos não!", "Mobilidade especial para quem governa mal!" ou "Queremos trabalho e pão, não queremos recessão".

Também destinada ao governante que em tempos já desejou implodir o Ministério, ouviu-se várias vezes ao longo da manifestação: "Crato escuta os professores estão em luta!"... Estão em luta e não temem chantagens nem pressões!

"Professores unidos jamais serão vencidos", foi uma das palavras de ordem que se ouviu, com mais fulgor, ao longo do compacto desfile entre o Marquês de Pombal e a Praça dos Restauradores, transformada neste sábado, 15 de junho, em "Praça dos Professores", como disse o "speaker" de serviço à tribuna, Luis Lobo.

"Contra os despedimentos e as 40 horas" - esta era a principal mensagem do pano empunhado pelos dirigentes das organizações sindicais, à cabeça da manifestação. Chegaram aos Restauradores às 16h10. Meia hora depois, ainda o Marquês de Pombal estava repleto, mantendo-se uma enorme massa de manifestantes na Avenida da Liberdade, onde muitos cidadãos e turistas se solidarizaram com a luta dos professores. Uma luta longa e exemplar, desenvolvida com determinação e confiança e num espírito de unidade. Desde a primeira hora, os Sindicatos - ao contrário do que disse o Ministro Crato - estão unidos e lutam, com confiança, pela dignidade da profissão docente, pela escola pública, pela qualidade do ensino e pelo futuro dos jovens, como salientou o Secretário Geral da FENPROF.

Contra a mobilidade especial

"Não daremos aval a qualquer proposta que regulamente a mobilidade especial para aplicar aos professores, seja agora, seja daqui a um ano", sublinhou Mário Nogueira, o último dirigente sindical a intervir (17h15) na concentração final da manifestação.

"Não daremos aval", acrescentou, "a qualquer proposta que obrigue a mobilidade interna forçada para além dos limites gerais dos 60 quilómetros. Não daremos aval a qualquer proposta que se destine a provocar mais desemprego e degrade as condições de trabalho". Por isso, "nem mais um minuto na componente letiva ou na de estabelecimento".

"Exigimos", prosseguiu Mário Nogueira, "que a direção de turma regresse à componente letiva; retirá-la de lá significa aumentar o horário de trabalho dos professores".

Ouvir os professores,
continuar a luta


"Quanto à luta, também aí o nosso compromisso é com os professores", destacou Mário Nogueira, recordando logo em seguida que nos dias 18 e 19 de junho será divulgado nas escolas e nas páginas web das organizações sindicais um breve questionário, para perceber a sensibilidade e a disponibilidade dos docentes face à continuação da luta. 

Depois, no dia 20 serão realizados plenários em todas as capitais de distrito, para reforçar esse apuramento. Dia 21, as organizações sindicais voltarão a reunir, para analisar a situação a que se tenha chegado na altura e tomar medidas à luz das grandes  linhas de força que saírem das respostas ao referido questionário e dos plenários regionais.

"Fraquejar agora na luta seria fatal, seria pôr em causa o esforço já feito", realçou Mário Nogueira. "Segunda-feira, dia 17, vamos realizar uma grande greve. A greve é de todos!", observou.

Noutra passagem, mais adiante, o dirigente sindical afirmaria: "Hoje fomos, uma vez mais, fortes, como foi demonstrado nesta grande manifestação de luta e protesto. Segunda-feira, dia 17, teremos de ser exemplares! Não cederemos a pressões ou ameaças. Vamos mostrar de novo que a lutar também se ensina!".

Estamos unidos!

"Hoje, voltámos a dizer aos que nos querem dividir que estamos unidos, que estamos juntos, que estamos aqui como estaremos na segunda-feira: unidos e determinados. Não desistimos porque sabemos o que está em causa", garantiu Mário Nogueira.

"O Ministro da Educação chamou "faltosos" aos docentes...Lamentável! Isto é um insulto. O que falta, na Educação em Portugal, é um Ministro e um Ministério da Educação. O que temos é uma delegação do Ministério das Finanças... Quem está em falta não são os professores, são os governantes", acrescentou. No início da sua intervenção, o dirigente sindical já tinha acusado o MEC de arrogante, politicamente desonesto e incompetente. "Já perdeu a noção dos limites a que está sujeito", salientou Mário Nogueira, recordando a "convocatória geral do Júri Nacional de Exames" e as sucessivas pressões sobre os diretores, "pau para toda a obra"...

A democracia "ao jeito" do Governo ...

O dirigente da FENPROF comentaria ainda: "Este MEC integra um Governo para quem a democracia deve ter as regras à medida das intenções", e, assim, lá vai ameaçando: "muda-se a lei da greve", "muda-se a lei dos serviços mínimos", "muda-se até a Constituição".

"Na minha opinião", registou Mário Nogueira, "há uma forma mais simples de resolver esta situação: muda-se o Governo e solucionam-se, de uma só vez, todos os problemas!".

Um coro gigante entoou o "A Portuguesa" no final desta magnífica jornada dos professores./ JPO