Nacional
Mário Nogueira no plenário da Frente Comum (2/03/2012)

"Temos de responder juntos…"

03 de março, 2012

Decorreu na passada sexta-feira, dia  2 de março, em Lisboa, um Plenário da Frente Comum  com a participaçâode cerca de meio milhar de dirigentes, delegados e ativistas sindicais. A iniciativa teve jugar no salão da  Casa do Alentejo, na Baixa. No final, os presentes deslocaram-se para o Ministério das Finanças onde foi entregue uma moção aprovada por unanimidade no Plenário.Mário Nogueira, Secretário Geral da FENPROF, foi um dos intervenientes, tendo salientado a dado passo: "Temos de responder juntos… unidos como os dedos os mãos… hoje e sempre, logo também no dia 22 de março, com uma grande Greve Geral! De hoje, até 22 de março façamos dos locais de trabalho as sedes dos nossos Sindicatos. É lá que somos necessários!"

Aqui deixamos as passagens mais significativas da intervenção de Mário Nogueira:

O Jorge Palma, no seu último trabalho diz que, embora com todo o respeito, só “falta virem taxar-me pelo ar que respiro, pelo passo que dou, cada vez que espirro”! E remata dizendo que “hão-de arranjar maneira”! Eu acho que isso é bem provável e, por este andar, pode nem faltar muito.

Toda a história começou com os PEC: o PEC 1, o PEC 2, o PEC 3… e parou quando chegava o 4! Foi então a vez da troika, e do governo que assinou primeiro, e do governo que veio a seguir e foi mais longe, e do Primeiro-Ministro que diz que nem precisava da troika para seguir este caminho e esta política, pois são os seus!

E foram os 12.000 milhões para a banca, e muitos mil milhões para os paraísos fiscais, e para o BPN, e para a fuga aos impostos, e para a corrupção, ao que se diz, gravada em telefonemas que nunca nos deixarão ouvir.

Mas se para alguns não foi nada, para a maioria, os trabalhadores, os que não têm culpas no cartório, começou a ser quase  tudo:

  • O roubo do abono de família!
  • O congelamento da carreira!
  • O agravamento do horário!
  • O roubo no salário!
  • O roubo no, mas, depois, dos subsídios!
  • O roubo nas pensões!
  • O aumento do IRS, e do IVA, e do IMI, e do gás, e da luz, e da água, e da alimentação, e da renda, e da gasolina, e da portagem, e de tudo!
  • O aumento na saúde, e nas taxas, e nos medicamentos!
  • O aumento das propinas, e dos livros, e dos apoios ao estudo!
  • O aumento da segurança social, dos descontos, e dos cortes nos apoios!
  • As mais diversas instabilidades que, para muitos, irão desaguar em desemprego, para outros dará direito a um bilhete só de ida até “casa-do-diabo-mais-velho”!

No nosso setor, em relação aos docentes,

  • É a revisão da estrutura curricular para eliminar 10.000 postos de trabalho!
  • E os mega-agrupamentos, e os encerramentos, e as turmas com mais alunos, e os projetos educativos abortados, e a gente, nós, as pessoas, a sermos contados em milhões de euros! Nunca as pessoas valeram tanto, contadas ao cêntimo na hora de deitar para o lixo!

Só falta dizerem-nos que chegou a nossa hora porque acabaram as moedas no parquímetro da vida. Só falta dizerem-nos que as pessoas viveram o que deviam viver e lhes estava destinado, só que viveram mais depressa e, portanto, acabou o tempo! Viveram acima das suas possibilidades, e isso confirma que, em média, viveram o que devia ser, só que viveram depressa, num instante!

Que esperar mais? Que nos fritem? Que nos cozam? Que nos grelhem? Já agora, que nos grelhem mal passados para que saboreiem o nosso sangue? É demais Camaradas!

Não nos tramem mais os senhores da troika que é FMI, BCE e UE, e das troikas todas que há por aí, uns no governo ontem, outros no governo hoje. Respeito, muito respeito é o que exigimos, indignados que estamos todos. Mas onde mostrar essa força que nos cresce nos dedos e esta raiva que sentimos nos dentes? Lá em casa? No trabalho, aos colegas? No intervalo da bola entre duas minis?

Pode ser aí, claro, mas é preciso que seja em todo o lado; que se demonstre em particular, mas também em público, todos ao mesmo tempo e em força, numa luta que seja geral! Todos para que as troikas percebam que não podem continuar a dizer que as coisas estão a correr tão bem que toma lá mais uma medidas adicionais! As coisas estão a correr tão bem, mas tão bem que até a recessão vai ser maior e chegará, pelo menos, aos 3,3%, o desemprego afinal vai passar os 14,5% e atingirá mais 100.000 trabalhadores, em suma, melhor não podiam estar as coisas a correr!

E quando damos por nós, já temos 1.200.000 no desemprego, meio milhão com salário líquido abaixo do limiar da pobreza, 2.300.000 a ganharem menos de 900 euros brutos e 1 milhão de idosos com pensões abaixo dos 300 euros… coitado do Cavaco que vive com dificuldades.


E a Merkl está de olho nas nêsperas…

Respondamos todos que o problema não é só de alguns! Respondamos grosso! Sem dó, nem qualquer outra nota da escala. Respondamos assim, fortes, determinados, juntos, convictos da razão que é nossa… nenhum pode ficar a olhar, quietinho, paradinho, sossegadinho… como a nêspera que depois veio de lá a velha e zás, comeu-a! E a Merkl está de olho nas nêsperas… e nós temos de lhe explicar que somos duros de roer. Temos de responder juntos… unidos como os dedos os mãos… hoje e sempre, logo também no dia 22 de março, com uma grande Greve Geral! De hoje, até 22 de março façamos dos locais de trabalho as sedes dos nossos Sindicatos. É lá que somos necessários!

Vai ser difícil? Sim, vai e ainda bem que estamos conscientes disso, para que, assim, nos comprometamos a dar o nosso melhor no combate do esclarecimento, do debate e da mobilização!


Os portugueses das gerações seguintes
 merecem o melhor.


Nós sabemos que foram muitos os que lutaram e morreram para que a vida da geração seguinte, a nossa vida, fosse melhor do que a deles. Foram os que lutaram para nós! Podemos nós, agora, ficar de bem com a nossa consciência se, tendo vivido uma vida melhor que a dos nossos pais, deixarmos como herança, aos nossos filhos, esta porcaria por que não passámos? Incomoda-nos, não é? Incomoda-nos e faz-nos sentir mal, porque sabemos que os portugueses das gerações seguintes – são os nossos filhos e os nossos netos – merecem o melhor. E nós não lutamos por isso? Claro que sim! Por eles e por nós que não vamos deixar esgotar as moedas do parquímetro da nossa vida. A luta é cada vez mais por todos e de todos e é por isso que tem de se tornar a luta cada vez mais geral!

Se chegámos aqui, não seria agora que iríamos desistir, podem crer os que nos atacam e nos ofendem, concluiu o dirigente sindical.