Nacional
Artigo n'O Jornal Económico

A mentira só se combate com... a verdade

23 de janeiro, 2019

O Jornal Económico publica hoje um artigo da jornalista Jéssica Sousa, que contém mentiras, padece de diversas incorreções e insuficiências, estando a provocar grande indignação em muita gente e com razão.

 

O título é:

Ensino básico: Professores portugueses em topo de carreira entre os que mais ganham na OCDE

 

Parte logo de um pressuposto falso. Os professores do ensino não superior no topo da carreira não têm um vencimento de 54.000 euros brutos anuais, mas sim de 47.000 euros (menos 7000 euros). 

O que não diz o artigo:

- a larga maioria dos professores, por força dos congelamentos impostos pela troika e aceites pelos governantes, não está no topo da carreira ou não teria sequer tempo de serviço para tal; 

- A larga maioria dos que deveriam já estar no topo da carreira está dois escalões abaixo, vencendo, por isso, um rendimento anual bruto de 38.100 euros (ou seja, 16.000 euros abaixo do que deveria vencer); 

- O salário líquido de quem está no 10.º escalão, sendo esse que os professores recebem, é de 25.200 euros anuais, ou seja, menos de metade do que é referido no artigo do JE, ficando bem abaixo de muitos que, em termos brutos, lhe são inferiores; 

- A maioria dos professores não conseguirá aceder ao topo da carreira, se se mantiver o roubo do tempo de serviço; 

- Os professores vão ser, no todo da administração pública, um dos grupos profissionais mais penalizados, desde logo aqueles que se encontram abaixo do 7.º escalão, por via dos mecanismos de filtragem no acesso ao topo;

- As pensões de aposentação, por via das regras de cálculo aplicáveis, serão para os professores nas condições do último ponto, inferiores a 1000 euros.

O empobrecimento do setor fará com que, dentro de poucos anos, exista uma enorme crise de falta de docentes, pois, perante a situação que se vive, os jovens: 

a) procuram outras profissões melhor remuneradas e mais estáveis; 

b) saem do país à procura de uma vida melhor.


Recorda-se que Portugal tem dos professores mais qualificados do Mundo, sendo as qualificações e nível académico o mesmo desde a Educação Pré-Escolar ao Ensino Secundário. É dos poucos países em que essa exigência é colocada e que a FENPROF defende em nome da qualidade da Educação e do Ensino. 

Em nome do respeito que os professores merecem, o Jornal Económico deveria, de imediato, produzir um esclarecimento/correção, acompanhado do devido pedido de desculpas. Não surpreende que, na véspera de mais uma ação de luta dos professores, surja um artigo com este teor e que não tenha havido a preocupação, como em tantas outras vezes, de confirmar os dados junto da FENPROF ou, no mínimo, de tentar obter uma posição. A prática é velha e os praticantes também.

 

O Secretariado Nacional

 

Ler a notícia d'"O Jornal Económico"