Negociação Nacional
GREVE ÀS AVALIAÇÕES

Em mais um dia de fortíssima greve, Ministério marca reunião, mas já condiciona o seu objeto

03 de julho, 2018

Com exceção das reuniões com serviços mínimos, praticamente mais nenhuma se realizou, num dia em que Ministério convoca reunião para negociar o inegociável

 

O Governo criou um problema gravíssimo com os professores, mas o Ministro da Educação, em vez de convocar uma reunião aberta com uma agenda de trabalho respeitadora da lei e do compromisso que assumiu em novembro, insiste em reinterpretar esse compromisso, em subverter a Lei do Orçamento do Estado e em ignorar a Resolução n.º 1/2018 aprovada pela Assembleia da República. O teor do ofício do Ministro da Educação a convocar a reunião para o próximo dia 11 de julho é um sinal extremamente preocupante sobre o que irá acontecer nesse dia.

Já não bastava a afirmação do Primeiro-Ministro colocando os salários e carreiras como moeda de troca das obras no IP3, vem agora o Ministro da Educação, com a convocatória que enviou às organizações sindicais, deitar ainda mais achas na fogueira da indignação e do protesto dos professores.

Os professores têm demonstrado a sua determinação nesta luta e, a não acontecer em julho o que é justo e necessário, ela será retomada com a mesma força e determinação logo que o próximo ano letivo se inicie. Portanto, não vale a pena o governo fingir que não vê o que está a acontecer. Os níveis de indignação e revolta dos professores aumentam a cada dia que passa e o que começou por ser um processo reivindicativo comum, ainda que complexo, tende a tornar-se num problema político muito grave e de difícil controlo. O Governo não pode continuar a fingir que ignora os professores e a sua luta, pelo que não pode convocar uma reunião negocial em que, na própria convocatória, repete os motivos que levaram os professores a esta enormíssima greve.

Hoje, se forem retiradas as reuniões realizadas devido aos serviços mínimos, a greve voltou a ultrapassar os 98% de reuniões previstas mas não realizadas. As poucas que se fizeram foram quase todas por obrigação imposta pelos serviços mínimos decretados. Os professores não quebram, os professores não cedem às pressões e ameaças a que têm sido sujeitos, os professores não deixam que ponham em causa a sua dignidade e, por isso, reafirmam que o tempo que trabalharam é para contar, não deixando que apaguem mais de 1/4 da sua vida profissional. 

 

O Secretariado Nacional


 

Após a reunião com a direção do CDS-PP, o Secretário-geral da FENPROF, em nome das dez organizações sindicais que assinaram a Carta Aberta entregue ontem a solicitar que as negociações fossem retomadas, reagiu à convocatória enviada pelo Ministro da Educação.