Nacional
Editorial Mário Nogueira - Jornal da FENPROF

"As razões que nos dão razão"

07 de julho, 2017
O processo que culminou com a greve de 21 de junho permitiu esclarecer a pouca disponibilidade do Governo para dar resposta a problemas que os professores querem ver resolvidos e não apenas reconhecidos. O ME não se quis comprometer, por exemplo, com o descongelamento da carreira em 2018 – fazendo aumentar a suspeita de que o governo se prepara para não honrar esse compromisso – não querendo, sequer, garantir a resolução de problemas que, devendo ser previamente solucionados, até já mereceram posições unânimes do Parlamento.
Também em relação à aposentação, já se percebeu que ao governo pouco interessa que os professores se arrastem até não poder mais. O que não quer é que se diga que é aberta uma exceção, pondo em causa uma alegada igualdade com outras profissões (alegada porque não pode ser dado tratamento igual ao que é diferente). Não se nega que os requisitos hoje exigidos para a aposentação são exagerados para todos, mas não se compreendem as consequências, em todas as suas dimensões, do envelhecimento da profissão docente? E que impacto isso tem na formação dos nossos jovens e nas dinâmicas das escolas? 
Podem crer o Governo, o Ministério da Educação e todos os que são incapazes de reconhecer a justeza das reivindicações dos professores, cruzando os braços face aos problemas, que, da parte da FENPROF, não haverá baixar de braços. A razão assiste aos professores e será suficientemente forte para que, com setembro já à vista, continuem a lutar por melhores condições de trabalho, pela valorização da profissão docente e pela efetivação dos seus direitos.
 
Sem dar boleia à direita
Partido Sem Direção! Esta poderia ser a atual designação do partido cuja sigla acolhe a primeira letra de cada palavra desta afirmação: PSD. Chega mesmo a ser confrangedora a postura de alguns deputados daquele partido que procuram disfarçara falta de projeto, a preocupação com a queda nas sondagens e a desorientação em relação ao futuro. É essa desorientação que atira alguns para a frente, procurando,
desde já, marcar pontos junto do futuro líder, e empurra outros para a sombra, fazendo desse movimento a manobra tática que os poupará no presente prevenindo o futuro.
Duarte Marques é um, entre outros, dos que, diplomados em Castelo de Vide, faz pela vida. A ele coube dar rosto aos impropérios que proferiu antes e depois da greve
realizada pelos professores e educadores em 21 de junho. 
Desde logo, num exercício de desonestidade política, fingiu desconhecer quem mais, para além da FENPROF, convocou a greve; mas o que mais terá enervado Duarte Marques foi perceber que, ano e meio passado a lamentar-se por a luta dos professores ser frouxa, chegado um momento forte dessa luta, como a FENPROF tinha avisado, os professores não deram boleia à direita. Sim, porque o tempo não é de voltar para trás, mas de dar passos em frente.

O processo que culminou com a greve de 21 de junho permitiu esclarecer a pouca disponibilidade do Governo para dar resposta a problemas que os professores querem ver resolvidos e não apenas reconhecidos. O ME não se quis comprometer, por exemplo, com o descongelamento da carreira em 2018 – fazendo aumentar a suspeita de que o governo se prepara para não honrar esse compromisso – não querendo, sequer, garantir a resolução de problemas que, devendo ser previamente solucionados, até já mereceram posições unânimes do Parlamento.

Também em relação à aposentação, já se percebeu que ao governo pouco interessa que os professores se arrastem até não poder mais. O que não quer é que se diga que é aberta uma exceção, pondo em causa uma alegada igualdade com outras profissões (alegada porque não pode ser dado tratamento igual ao que é diferente). Não se nega que os requisitos hoje exigidos para a aposentação são exagerados para todos, mas não se compreendem as consequências, em todas as suas dimensões, do envelhecimento da profissão docente? E que impacto isso tem na formação dos nossos jovens e nas dinâmicas das escolas? 

Podem crer o Governo, o Ministério da Educação e todos os que são incapazes de reconhecer a justeza das reivindicações dos professores, cruzando os braços face aos problemas, que, da parte da FENPROF, não haverá baixar de braços. A razão assiste aos professores e será suficientemente forte para que, com setembro já à vista, continuem a lutar por melhores condições de trabalho, pela valorização da profissão docente e pela efetivação dos seus direitos.

 Sem dar boleia à direita

Partido Sem Direção! Esta poderia ser a atual designação do partido cuja sigla acolhe a primeira letra de cada palavra desta afirmação: PSD. Chega mesmo a ser confrangedora a postura de alguns deputados daquele partido que procuram disfarçara falta de projeto, a preocupação com a queda nas sondagens e a desorientação em relação ao futuro. É essa desorientação que atira alguns para a frente, procurando, desde já, marcar pontos junto do futuro líder, e empurra outros para a sombra, fazendo desse movimento a manobra tática que os poupará no presente prevenindo o futuro. Duarte Marques é um, entre outros, dos que, diplomados em Castelo de Vide, faz pela vida. A ele coube dar rosto aos impropérios que proferiu antes e depois da greve realizada pelos professores e educadores em 21 de junho. 

Desde logo, num exercício de desonestidade política, fingiu desconhecer quem mais, para além da FENPROF, convocou a greve; mas o que mais terá enervado Duarte Marques foi perceber que, ano e meio passado a lamentar-se por a luta dos professores ser frouxa, chegado um momento forte dessa luta, como a FENPROF tinha avisado, os professores não deram boleia à direita. Sim, porque o tempo não é de voltar para trás, mas de dar passos em frente.

 

Mário Nogueira, Secretário-Geral da FENPROF

Foto: André Kosters, Agência Lusa