Nacional
"O Professor Hoje e os Desafios de Amanhã"

Encontro de Coimbra apontou caminhos de futuro

07 de outubro, 2016

Decorreu em Coimbra (7/10/2016), no Centro de Congressos Convento São Francisco, um muito participado Encontro de Professores, no quadro das iniciativas promovidas pela FENPROF para comemorar o Dia Mundial dos Professores.

A iniciativa foi organizada pelo Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) em parceria com a Câmara Municipal de Coimbra e contou com a participação de um milhar de docentes.

De amanhã, após a abertura dos trabalhos, Sampaio da Nóvoa proferiu uma conferência que designou por “Profissão: Professor”. Seguiu-se um painel de debate com David Rodrigues (O Desafio da Inclusão), Licínio Lima (Desafio da Democratização da Escola) e José Calçada (Desafio da Qualidade Educativa).

De tarde, o debate envolveu representantes dos grupos parlamentares (Propostas para a valorização, dignificação e rejuvenescimento do corpo docente).

 Comunicação de David Rodrigues (Associação pró-Inclusão)

 Conferência Sampaio da Nóvoa - 1.ª parte

 Conferência Sampaio da Nóvoa - 2.ª parte

 Comunicação de Licínio Lima (Docente e Investigador, Universidade do Minho)

 Comunicação de José Calçada (Presidente do Sindicato dos Inspectores de Educação e Ensino)

 Manuela Cunha (PEV), Ana Mesquita (PCP), Joana Mortágua(BE) e Porfírio Silva (PS)

Mário Nogueira, Secretário Geral da FENPROF,  encerrou os trabalhos. "Neste tempo que continua a ser dos professores, e sem perder de vista a Recomendação que atingiu a bela idade de 50 anos, a FENPROF continuará, firmemente, a defender os direitos e legítimos interesses de todos os professores, e não abdicará de exigir mais verbas para a Educação, em particular para uma Escola Pública que deverá continuar a afirmar-se pela qualidade e diversidade das suas respostas, por ter lugar para todos os alunos, por procurar respeitar os princípios da inclusão e por dever ser gratuita. É essa a matriz da Escola Democrática", realçou Mário Nogueira (ver aqui intervenção em versão PDF).

Num extenso e rico programa, a manhã foi preenchida
com uma Conferência e um painel de debate

António Nóvoa, na sua conferência “Profissão: Professor” salientou a importância da Recomendação da OIT/UNESCO sobre Condição do Pessoal Docente que faz 50 anos e continua a ser estruturante da profissão. Dedicou a sua comunicação a Rui Grácio, provavelmente o maior divulgador desta Recomendação, em Portugal. Designando-as por seis andamentos destinou grande parte da sua comunicação a seis ideias fundamentais que sobressaem nesta Recomendação.

O primeiro andamento, numa crítica que dirigiu a uma lógica que atravessa o planeta e que preside aos objectivos do poder em relação aos professores, mas que ganha força nas sociedades, quanto à intenção de desprofissionalização dos professores, Nóvoa destacou que “o ensino deve ser considerado uma profissão”.

O segundo andamento retirado desta Recomendação de 5 de Outubro de 1966 é o que diz respeito à formação profissional dos Professores, para referir que deveria ser preocupação dos estados procurar reflectir sobre como se forma um professor como um profissional. Neste “lugar”, disse, “tem de haver cultura profissional”, defendendo ser esta uma área prioritária do investimento a fazer com os professores. 

Já o terceiro andamento deverá ser “reduzir o que é inútil e inferniza o dia-a-dia do professor, libertando o trabalho do Professor” de toda a panóplia de burocracia e inutilidades que, disse, pode ter um particular interesse para quem burocratiza, mas que nada interessa a quem é burocratizadol

Escolheu o quarto andamento para alegar que um sistema educativo não cresce, não se desenvolve, não se democratiza se não se tiver em conta que “a participação dos professores deve fazer parte da decisão” na análise e transformação da Escola.

Na conferência que proferiu, e em que deu especial destaque a esta Recomendação aprovada em 1966, no dia 5 de Outubro, em Paris, Sampaio da Nóvoa estabeleceu o que designou como quinto e sexto andamentos:

- a necessidade de haver uma cooperação estreita das autoridades competentes, designadamente com os professores, ede promover a participação dos professores na vida social e pública.

- lembrou que também a Recomendação sobre a Condição dos Professores define a importância da “liberdade académica, devendo ser os professores a definir os meios e os métodos de ensino mais adequados aos seus alunos”.

Nóvoa, que fechou a sua conferência com um “Nada substitui um bom professor”, para criticar errados pressupostos políticos que levam à desvalorização do papel do Professor, exortou o papel da Escola e dos seus profissionais. “Nestes 50 anos o melhor de Portugal tem estado sempre na liberdade na Escola”.

Durante a manhã, seguiu-se o painel com David Rodrigues, Licínio Lima e José Calçada.