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FENPROF encerrou em Lisboa, na "5 de outubro", Semana de Luto...de uma luta que vai continuar!

"Grande disponibilidade dos professores para continuar as lutas necessárias!"

21 de fevereiro, 2013

"Há uma grande disponibilidade dos professores para continuar as lutas que forem necessárias", sublinhou Mário Nogueira na conferência de imprensa que assinalou, na manhã do passado dia 22, à porta do MEC, na "5 de outubro", o encerramento da Semana de Luta e em Luta. O Secretário Geral da FENPROF fez um balanço muito positivo desta Semana - uma ação de expressivo significado para os docentes e para escola pública - , que deu visibilidade aos grandes problemas do setor. António Avelãs, Presidente do SPGL, chamou a atenção dos jornalistas para a questão dos horários e condições de trabalho dos professores portugueses, tema central deste último dia da Semana de Luto e em Luta. / 

Clique para ampliarComo realça a FENPROF, a temática dos horários de trabalho é, no que respeita às condições de exercício da profissão docente, uma das mais importantes. Na verdade, os professores estão hoje a atingir um limite de resistência física e psicologia a partir do qual as consequências para a qualidade do seu desempenho profissional poderão ser as piores. Contudo, do MEC apenas chegam incertezas que vão gerando, nas escolas, um clima de grande insegurança.

Foi divulgado aos profissionais da comunicação social um documento da OCDE em que se mostra, claramente, que, na média dos países da União Europeia, são os professores portugueses os que têm maiores horários de trabalho, com maior permanência na escola, tanto na componente letiva como nas outras tarefas. Esta situação abrange os docentes do Básico e do Secundário. António Avelãs referiu também a carga horária no superior, as condições de trabalho e a situação de instabilidade que aí se vive.

Um crime

Clique para ampliar"Reduzir as despesa da Educação com o aumento do horário de trabalho dos docentes é um crime", destacou o Presidente do SPGL, que deu exemplos concretos da "situação complicada" que os docentes vivem hoje nas escolas, chamando a atenção para as enornes dificuldades que são criadas a professores que têm 17, 18 e até 20 turmas...

António Avelãs falou aos jornalistas do diversificado conjunto de tarefas que os docentes têm de desempenhar para além da componente letiva e apontou "situações insuportâveis" em que se encontram professores em vários agrupamentos que não respeitam a componente individual de trabalho, criticando também, "como atitude irracional", as políticas do "aumento do número de alunos por turma".

"Não temos Ministro da Educação, não temos no ME pessoas preocupadas ou sensíveis face aos desafios pedagógicos da escola. Eles têm outras preocupações...", alertou o dirigente sindical.

Mário Nogueira afirmou que a Semana de Luto e em Luta deu visibilidade, junto da opinião pública, aos graves problemas que afetam hoje os professores e a escola pública, sublinhando que continua, em todo o país, a recolha de assinaturas em tomadas de posição dos docentes de centenas de escolas e agrupamentos.

"Dia D" nas escolas e campanha nacional
em defesa da escola pública


Ao abrigo da lei sindical, terão lugar, em breve, numa data única, tipo "Dia D", reuniões nas escolas em que os professores vão decidir sobre a continuação da luta, revelou Mário Nogueira, que lembrou ainda a realização, no próximo mês de maio, de uma campanha de âmbito nacional, "percorrendo todos os distritos, de norte a sul, dos Açores à Madeira", em defesa da escola pública, envolvendo professores, comunidades  educativas e todos os cidadãos preocupados com o presente e o futuro da escola pública, acrescentou o Secretário Geral da FENPROF.

Nogueira sintetizou os principais momentos desta Semana de Luto e em Luta que agora termina, destacando no primeiro dia (18/02), no Palácio das Laranjeiras, em Lisboa, a colocação de pendões e de uma faixa de luto e luta no gradeamento das instalações do MEC; e a exigência, junto do gabinete do Ministro da Educação e Ciência, de marcação de uma data para a realização de reunião com Nuno Crato, com caráter de urgência. Recorde-se que o Ministério só acabou por responder à FENPROF seis horas depois...

Temas em destaque ao longo
da Semana de Luto e em Luta


O dirigente sindical lembrou em relação ao primeiro dia da Semana de Luto e em Luta, uma iniciativa realizada no Funchal, junto à Escola Gonçalves Zarco (Caminho da Fé - São Martinho), sobre a situação da Educação na RA da Madeira, com análise crítica e apresentação de alternativas. Ainda em relação ao primeiro dia da ação dinamizada pela FENPROF, que teve expressão em todo o país, com a afixação de faixas negras em largas centenas de escolas,  Mário Nogueira chamou a atenção dos jornalistas para a realização no Porto, na sede do Sindicato dos Professores do Norte, de uma conferência de imprensa sobre "a gravíssima situação que se vive no Ensino Superior e as suas previsíveis consequências".

Recordou que no segundo dia da Semana teve lugar em Coimbra, junto ao Centro de Emprego na Av. Fernão de Magalhães. de outra conferência de imprensa, esta dedicada ao desemprego e instabilidade de emprego e profissional dos docentes, um grave problema que afeta a qualidade do ensino.

O contacto com a comunicação social prosseguiu mais a sul, em Faro, no dia 20,  junto à delegação do Banif (Rua Ivens), em que os dirigentes sindicais abordaram a  situação salarial dos docentes, desvalorizados, em apenas três anos, em cerca de 30%, ou seja, o correspondente a quatro salários. A comparação de recibos de vencimento permite registar diferenças de menos 400 euros entre o que um professor recebia em 2009 e recebe em 2013. Há milhares de professores que pagam para trabalhar...

Na quinta-feira, a Semana de Luto e em Luta teve a sua expressão mais significativa a Norte, na sede do SPN, numa conferência de imprensa em que foi analisada a situação criada com os mega-agrupamentos, uma estratégia que desumaniza a escola; e a municipalização da educação, um caminho errado para o futuro da Escola Pública.

Lutas dos professores
e manifestação nacional da AP em 15 de março


"Não vamos parar", garantiu Mário Nogueira no encerramento da Semana de Luto e em Luta, lembrando que "o corte de 4 mil milhões nas funções sociais do Estado é uma bomba que cai em cima da escola pública", e que vem aí, também, o famigerado "plano B" do governo que implicará mais cortes, nesta caminhada para o abismo...

A luta vai continuar nos moldes que os professores decidirem, salientou, e "em 15 de março estaremos na manifestação nacional da Administração Pública". Ouvido pela reportagem do JF, Mário Nogueira sublinhou que "esta Semana de Luto deverá dar lugar a um ano de muita luta, sendo com isso que a FENPROF se compromete. Os Sindicatos da FENPROF irão ouvir os professores, conhecer as suas disponibilidades e registar os seus compromissos de luta para, a partir daí, levar a luta até ao fim e o fim será, por agora, o momento em que o atual governo cair e as suas políticas forem travadas".

Entretanto, sobre a reunião no MEC marcada para a próxima terça-feira, dia 26, Mário Nogueira afirmou ser "impensável" que "não seja com o Ministro", face à gravidade da situação. "Exigimos respeito", concluiu. / JPO


Clique para ampliarClique para ampliarClique para ampliar Clique para ampliarClique para ampliarClique para ampliarClique para ampliar / J. Caria