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Tiago Oliveira - Professor Contratado da Escola Secundária Avelar Brotero, Coimbra

Horas de trabalho perdidas em burocracia

27 de julho, 2011

Relativamente ao modelo de avaliação e à sua aplicação neste ano lectivo, o que mais me marcou foi o formalismo burocrático com que foi aplicado. Não estou com isto a dizer que nos outros três anos anteriores, onde todos os professores contratados também tiveram de ser avaliados ele não tenha existido, mas ao abrir os ficheiros daquela “pasta ADD” da qual eu fugi até meados de Maio fiquei assustado e senti uma grande diferença para os outros anos, onde eram só os professores contratados a serem avaliados. A minha primeira abordagem foi a do leitor comum de um semanário e comecei por ler as gordas, tentando assim escapar na minha ingenuidade na medida do possível àquela burocracia toda.

Tendo em conta que o prazo inicial para a entrega do relatório era dia um de Junho e eu estava sobretudo preocupado com a avaliação dos testes e das notas dos meus alunos para o final do ano lectivo, resolvi centrar-me num guião para a elaboração do relatório de avaliação, deixando o resto da papelada de lado, mesmo arriscando ser penalizado por uma eventual falta de informação. Entreguei o famigerado no dia previsto, convencido que a questão seria pacífica uma vez que não tinha pedido aulas assistidas por três razões: primeiro, não consigo dar crédito ao actual modelo; segundo, porque acho que o único “privilégio” que dá aos felizes contemplados - o de atropelar colegas mais graduados nas listas nacionais - é, por si só, bastante questionável; por fim, mesmo tendo cedido à tentação de pedir avaliação no último ano lectivo devido à promessa da realização de um concurso de ingressos no quadro no presente ano, fui mais uma vez traído, tal como milhares de colegas contratados pela tutela, com a não concretização de entradas na carreira e com a não realização do respectivo concurso nacional.  

Voltando à papelada, as coisas acabaram por ser bem mais complexas, dado que foi mesmo necessário ter em conta a extensa lista de parâmetros que os nossos relatores têm de analisar e contemplar na avaliação que fazem do nosso trabalho, além de que a estrutura do próprio relatório levantou uma série de questões relativas à adequação das evidências para cada item a avaliar. Foram necessários alguns encontros, revisões e alterações e mesmo o alargamento dos prazos de entrega para que se fosse cumprido o processo de avaliação de forma adequada.

Depois de muitas horas de trabalho perdidas em burocracias, com todas as implicações inerentes que isso tem no trabalho de um professor em Junho, o processo chegou ao fim com uma nota elevada, mas limitada a 7,9 por não ter requerido aulas assistidas conforme está previsto na Lei.

Tiago Oliveira
Professor Contratado da Escola Secundária Avelar Brotero, Coimbra