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"Está na hora, está na hora da ministra ir embora" foi uma das palavras de ordem mais ouvidas ao longo e compacto desfile entre o Marquês de Pombal e o Terreiro do Paço

Mais de três horas e meia de desfile

08 de março, 2008

"Está na hora, está na hora da ministra ir embora" foi uma das palavras de ordem mais ouvidas ao longo e compacto desfile entre o Marquês de Pombal e o Terreiro do Paço. Ainda antes do arranque da Marcha (a hora inicialmente prevista apontava para as 14h30) já grupos de educadores e professores manifestavam assim a sua indignação e revolta contra uma política que os tem desrespeitado e desconsiderado. Muitos desses docentes saíam do metro e da estação ferroviária do Rossio.

Como tinha sido anunciado pela PSP, por volta das 13h30 o trânsito foi cortado na Avenida da Liberdade, passando apenas transportes públicos incluindo muitos dos 630 autocarros que trouxeram os docentes de todas as regiões do País. Já vazios, os autocarros desceram a Baixa, dirigindo-se para zona ribeirinha, em busca de estacionamento.

Para se ter uma ideia da dimensão deste desfile - só comparável com as jornadas do 1º de Maio ou com grandes acçôes conjuntas do movimento sindical unitário - registe-se que, já com as intervenções a decorrer no Terreiro do Paço, os educadores e professores do Norte só começaram a deixar o local de concentração (Marquês de Pombal) por volta das 17h00. Como confirmou a TSF, o fim do desfile terá ocorrido já depois das 18h30.

Uma das notas de reportagem mais salientes, que diga-se de passagem impressionou muitos dos jornalistas que acompanharam a Marcha, foi a solidariedade de milhares de lisboetas que ao longo do percurso saudaram com fortes aplausos e palavras de incentivo a passagem da manifestação, que tinha à cabeça os dirigentes das organizações que integram a Plataforma Sindical, entre os quais o secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, muito solicitado pela comunicação social para breves entrevistas, realizadas durante o próprio desfile entre o Marquês e a Praça do Comércio.

Ao longo dos quase três quilómetros de desfile, Lisboa ouviu palavras de ordem como "Negociação sim, imposição não", "Educação sim, segregação não" e "Nova carreira docente condenada para sempre".

À Marcha da Indignação chegaram  saudações enviadas por numerosas entidades, de diferentes sectores, nomeadamente de autarquias (como a Junta de Freguesia do Couço), sindicatos (como o Sindicato dos Professores no Estrangeiro - SPE, membro da FENPROF; Sindicato da Hotelaria; Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, entre outros)  Associação José Afonso, professores de Cabo Verde e Associação Portuguesa de Deficientes (APD). Deolinda Martin, da Direcção do SPGL, deu notícia destas sauidações ao vasto auditório concentrado no Terreiro do Paço, que aplaudiu, entre outras, a intervenção de Manuel Carvalho da Silva. O secretário-geral da CGTP-IN sublinhou que "é preciso mobilizar toda a sociedade para o êxito da Escola" e observou que "hoje os professores fizeram uma avaliação à equipa ministerial e ao Governo, que tiveram nota negativa".
A participação nesta iniciativa de antigos dirigentes da FENPROF (António Teodoro e Paulo Sucena) e da FNE (Manuela Teixeira) foi anunciada na tribuna instalada no Terreiro do Paço. 

A concentração final desta Marcha terminou já perto das 19h00, ao som do hino nacional. Para trás tinham ficado outros dois momentos salientes nesta histórica jornada: a repetição das intervenções de Mário Nogueira e de Dias da Silva (especialmente para os mais de 10 000 professores do Norte "retidos" na Rua do Ouro, em desfile compacto que só com muita dificuldade conseguiu entrar no Terreiro do Paço); e o impressionante minuto de silêncio "pelos colegas que morreram em trabalho". JPO