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"Prova de ingresso" na carreira docente: petição da FENPROF faz regressar o assunto ao Parlamento

12 de dezembro, 2008

Decorreu a apreciação em Reunião Plenária da Assembleia da República da Petição promovida pela FENPROF "Contra a prova de avaliação de conhecimentos e competências para ingresso na carreira docente".

A Petição, entregue em Junho passado, exigia a revogação do decreto que regulamenta a chamada "prova de ingresso" e a alteração dos artigos do Estatuto da Carreira Docente (ECD) que a criaram. Foi subscrita por mais de seis mil docentes que vêem o seu futuro torpedeado pelo mecanismo que o Ministério da Educação forjou. Trata-se de um novo requisito que pode empurrar milhares de jovens para fora da profissão para que se prepararam, respeitando as exigências que lhe foram feitas com o seu empenho e, quantas vezes, com grandes sacrifícios das suas famílias. A revogação da "prova" é, lembre-se, um dos eixos maiores da luta dos professores contra o ECD que lhes foi imposto e que tanta combatividade lhes tem exigido.

Da discussão que teve lugar na Assembleia da República, a FENPROF voltou a registar as seguintes posições dos grupos parlamentares:

- Em sintonia com o que foi exigido pelos peticionários e tem sido defendido pela FENPROF, os grupos parlamentares do PCP, do BE e do PEV, bem como a deputada não inscrita Luísa Mesquita, defendem claramente e fundamentam a revogação da "prova de ingresso".

- O grupo parlamentar do PSD não propõe a revogação; advoga a necessidade de algumas alterações pontuais às condições de dispensa da realização da "prova".

- Do grupo parlamentar do CDS-PP ouviram-se argumentos contra as justificações dadas pelo PS em defesa da "prova de ingresso", não ficando clara a oposição à existência de um mecanismo deste tipo.

- Do grupo parlamentar do PS registou-se a defesa da medida imposta pelo Governo para o ingresso na carreira. As justificações, essas, evidenciam um esforço de aperfeiçoamento, registado pela FENPROF, ao longo de vários contactos com deputados do PS a propósito da Petição.

Anteriormente, em Comissão Parlamentar, o sr. deputado João Bernardo, encarregado pela bancada parlamentar do PS de defender a "prova de ingresso", começou a sua missão a questionar a FENPROF sobre sugestões de medidas para resolver o problema dos números de professores que não estão a exercer a profissão. Fez isto precisamente durante a audição relativa à Petição contra a "prova de ingresso". Agora, no Plenário, negou o propósito denunciado da criação de um mecanismo para ocultar e manipular os vergonhosos números do desemprego docente. Mas na argumentação em defesa da prova surgiu, pela voz do sr. deputado João Bernardo, uma novidade. Trata-se de apresentar a sujeição de milhares de docentes à "prova de ingresso" como uma forma de empurrar a melhoria futura nos cursos de formação inicial para a docência!

Maior clarificação das posições dos partidos
em relação a esta matéria


Fruto da composição parlamentar actual, não era, infelizmente, espectável outro resultado da apreciação em Reunião Plenária da Petição contra a "prova de ingresso". A Petição foi arquivada. No entanto, a sua apresentação provocou a discussão do assunto pelos deputados e, muito importante, uma maior clarificação das posições dos partidos em relação a esta matéria. Há que atentar e registar as posições de cada um. Não é de excluir, entretanto e na sequência desta iniciativa, o surgimento de iniciativas legislativas com ela relacionadas. A FENPROF e os professores estarão atentos a esta possibilidade.

? Mas, como está à vista, o que importa mesmo é prosseguir e reforçar a luta contra este aspecto tão perverso do ECD criado pelo actual governo e, como vimos, escorado pela maioria parlamentar que o apoia. É por isso que a FENPROF e os seus sindicatos renovam o apelo aos professores e educadores ameaçados pela "prova de ingresso" para que se envolvam de forma visível na luta de todos contra o ECD do ME. Em particular, renovam o apelo para que contactem o sindicato da sua área com vista à dinamização de acções de luta e de denúncia pública desta iníqua "prova de ingresso" na carreira. / João Louceiro