Internacional

Cantar por Darfur

28 de setembro, 2007

Uma série de artistas portugueses reuniu-se ontem para o início da gravação de uma canção que visa chamar atenção para a crise humanitária do Darfur, no Sudão. O disco será editado em meados de Novembro.

Nomes como José Cid, Camané, José Diogo Quintela, Fernando Tordo, Paulo Gonzo ou, entre muitos outros, António Manuel Ribeiro, vão gravar "Frágil", uma versão adaptada do original "Fragile", de Sting. A canção será editada na compilação "Por Darfur" que incluirá ainda um tema original de cada artista. As receitas da venda serão revertidas para a "Campanha por Darfur". Ontem, a meio da tarde, os estúdios Gravisom, em Lisboa, recebiam os primeiros cantores.

Apelos à consciência

"É uma surpresa positiva não houve um único artista que tenha dito que não e cada vez aparecem mais interessados. Vamos ter ainda mais duas sessões de gravação com outros", disse, ao JN, Nuno Frazão, presidente da direcção da TESE, uma Organização Não Governamental que apoia a Campanha por Darfur.

Nuno Frazão aproveitou para deixar um apelo à população portuguesa "Tomem consciência do que se está lá a passar e da dignidade dos que lá estão; está a acontecer um genocídio; há violações constantes dos direitos humanos". E alerta: "Devemos compreendê-los, devemos apoiá-los - não devemos ficar longe".

Fernando Tordo era um dos artistas que se preparavam para entrar no estúdio. "O que se passa no Darfur é uma coisa terrível e abjecta", apontou ao JN. Apesar de dar o seu apoio a esta iniciativa, Fernando Tordo confessou que "fica sempre a sensação que podíamos fazer mais". Todavia, na sua óptica, o lançamento deste disco poderá servir "para chamar a atenção, para esclarecer algumas pessoas, para a pessoas se perguntarem o que lá está a acontecer". O artista aproveitou ainda para lançar críticas à comunicação social portuguesa "O caso da menina de Torres Novas continua a ocupar a informação no país inteiro e, vá lá, já não é mau não ser um jogador de futebol", afirmou, irónico.

O humorista José Diogo Quintela também se solidarizou com a iniciativa mas preferiu não se alongar em discursos "Não há nada que eu possa dizer que as pessoas que escrevem nos jornais ou os investigadores não saibam dizer melhor do que eu. Estou aqui para dar o meu apoio com a minha figura patética mas não posso dar lições a ninguém", afirmou.

Os artistas vão ainda assinar uma petição com vista a que o drama do Darfur "seja assumido como prioridade na agenda da Cimeira Europa-África" a realizar em Portugal em Dezembro. A petição pede ainda para que "a União Europeia assuma como prioridade conseguir um acordo global para paz no Sudão". / JN, 28/09/2007