Nacional
Fundamentando a necessidade de um regime excecional de aposentação para os professores

FENPROF debate stresse na profissão docente com especialistas e deputados

29 de janeiro, 2016

De acordo com Mary Sandra Carlotto (2002), "no exercício profissional da atividade docente encontram-se presentes diversos estressores psicossociais, alguns relacionados à natureza de suas funções, outros relacionados ao contexto institucional e social onde estas são exercidas"

O não reconhecimento do papel social dos professores, os sucessivos ataques à profissão, designadamente por parte de governantes e outros responsáveis políticos, a imposição de condições e horários de trabalho crescentemente negativos, a progressiva perda de autoridade, em resultado das limitações colocadas ao exercício da sua autonomia pedagógica e científica, a par da tentativa de pôr em causa o profissionalismo docente, acusando os professores de serem responsáveis pelos principais problemas que afetam a Educação são, entre outras causas, determinantes de um crescente mal-estar no pessoal docente, com reflexos na sua vida pessoal, familiar e profissional e, obviamente, com projeção na sua relação com os alunos e restante comunidade educativa. Como refere esta investigadora, anomalias na relação pedagógica, vontade de abandonar a profissão e absentismo são algumas das consequências daí decorrentes. 

Ao mesmo tempo a complexidade da relação profissional estabelecida entre pares e da relação pedagógica com alunos, tão diferentes e refletindo tantos contextos sociais, culturais, económicos, cria, num número elevado de docentes, a sensação de não domínio da situação e descontrolo. Aliás, refere Nóvoa (A formação de professores e a profissão docente) que "uma das fontes mais importantes de 'stress' é o sentimento de que não se dominam as situações e os contextos de intervenção profissional".

Ignorar o trabalho de especialistas e a constatação de uma realidade é, não só contraproducente, como agravante de uma situação que tende a tornar-se cada vez mais difícil resolver. Tanto mais quando há hoje um reconhecido envelhecimento da profissão, mas, a essa realidade não corresponde qualquer medida específica, apesar de esse ser outro fator negativo com influência direta na qualidade do desempenho dos professores.

A FENPROF pretende denunciar este problema, apontando causas e consequências e apresentando propostas para a sua resolução. Nesse sentido, promove a Conferência “O stresse na profissão docente: causas, consequências, medidas a tomar” com a participação da Dra. Ivone Patrão, psicóloga clínica/ARSLVT e docente no ISPA, e do Dr. Marcelino Mota, psicólogo clínico. Com esta conferência, a FENPROF pretende reunir um ainda maior conjunto de elementos que sustentem a proposta apresentada à Assembleia da República, sob a forma de Petição, de criação de um regime excecional de aposentação dos docentes.

A convite da FENPROF, o Professor Alexandre Tiedtke Quintanilha, Presidente da Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, abrirá os trabalhos da Conferência, para a qual foram ainda convidados deputados de todos os grupos parlamentares que integram aquela comissão. A intervenção de encerramento da Conferência será da responsabilidade do Secretário-Geral da FENPROF.

Os trabalhos, que se iniciam às 14h30, decorrerão no auditório do novo edifício da  Assembleia da República, cuja lotação já esgotou.

Tendo em conta a atualidade e elevado interesse dos assuntos em debate, bem como a importância do tema para os professores e, em geral, para a Educação, a FENPROF convida os/as senhores/as jornalistas a acompanharem os trabalhos desta Conferência.

O Secretariado Nacional da FENPROF
29/01/2016