Nacional
Controlo sobre as escolas e os respetivos diretores

Incompetência reiterada e decisão sobre substituição de delegados regionais justificam demissão do diretor da DGEstE

23 de dezembro, 2015

Em 2014, incorreções na organização dos processos enviados ao Tribunal de Contas, relativos ao financiamento das escolas de ensino artístico especializado, levaram a um atraso de muitos meses no pagamento dos salários a milhares de trabalhadores destas escolas.

A Direção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), entidade responsável pela organização de tais processos, este ano, voltou a errar na organização desses processos, levando a que, mais uma vez, fossem devolvidos pelo Tribunal de Contas para correção.

Os trabalhadores docentes e não docentes daquelas escolas estão de novo numa situação muitíssimo difícil, com salários em atraso que chegam a atingir vários meses. O diretor da DGEstE não assumiu quaisquer responsabilidades neste processo, que são essencialmente suas, e age como se nada tivesse a ver com o assunto. Deveria assumi-las e demitir-se.

Três concursos promovidos pela DGEstE para preenchimento dos lugares de delegados regionais foram anulados por vícios vários. Como se tornou público, o diretor da DGEstE teve de substituir os delegados cujos concursos foram anulados e decidiu substituir os substituídos pelos… próprios, passando estes a ser substitutos deles mesmos. Só não se estranha tal decisão porque se conhece a importância desta direção-geral que, diretamente ou por intermédio das delegações regionais, controla a vida das escolas, sendo das instâncias da administração educativa que mais interfere e condiciona a sua autonomia.

Estamos, pois, perante uma direção-geral cujos responsáveis têm forte influência na organização e funcionamento das escolas e do próprio sistema educativo (definição de rede, constituição de turmas e definição de ofertas educativas e formativas, atribuição de crédito horário, mas também, como foi notório, até nos processos de municipalização e de contratualização com privados).

Dadas as suas responsabilidades, acaba por ser uma direção-geral determinante para o poder político, seja para o servir, seja para o corroer, o que significa que a direita, que foi afastada do governo, não quer ceder no controlo que, por esta via, continua a exercer sobre as escolas e os respetivos diretores.

Na opinião da FENPROF, as responsabilidades do diretor-geral da DGEstE nos dois processos que se referem antes deveriam ser suficientes para a sua demissão. Este diretor assumiria um ato, apesar de tudo, de alguma dignidade se apresentasse a sua demissão. O mesmo se poderá dizer dos delegados regionais que foram indigitados / indicados para se substituírem a si mesmos.

O Secretariado Nacional da FENPROF
23/12/2015