Nacional

Declaração do Secretário Geral da FENPROF, Mário Nogueira

17 de abril, 2014

"40 anos de Abril seriam, por si só, uma razão forte para assinalarmos a data. Mas não é só a efeméride que, 40 anos depois, está em causa. É mesmo Abril...", alertou Mário Nogueira no encontro com a comunicação social, que a FENPROF realzou na passada quinta-feira, 17 de abril,  em Coimbra.

Recordando os  3"D" da Revolução, o Secretário Geral da FENPROF acabou por deixar este balanço:

DEMOCRATIZAR…

  • "Não passa por empobrecer
  • Não passa por expulsar os jovens que querem ter futuro aqui
  • Não passa por pôr em causa direitos conquistados e uma sociedade construída sobre princípios de solidariedade social
  • Não passa por retirar serviços públicos de qualidade aos cidadãos
  • Não passa por retirar às pessoas o que é seu: o salário, as pensões, por exemplo."

"40 anos depois, a democracia está muito doente!"

DESCOLONIZAR…

"Sim, descolonizámos as colónias que foram ocupadas ilegitimamente em África, mas deixou-se Portugal colonizar. Somos hoje um país com soberania reduzida que, em boa, parte é colónia da troika FMI-UE-BCE e, no plano militar, da NATO."

DESENVOLVER…

Também a este nível, Portugal está a retroceder. "É ver o que acontece na Educação: com os cortes, com os recuos graves no que respeita à inclusão, com a escola a reorientar-se para os exames e não para a formação integral do indivíduo, com o empobrecimento dos currículos, com mais alunos por turma, com o ensino superior a ser desqualificado, é a Escola Pública de novo a tornar-se resposta social e os privados a serem reserva do conhecimento...", alertou.

"Não há progresso nem desenvolvimento sem uma Educação Pública de qualidade, democrática e para todos. E é essa escola que está a ser posta em causa!", observou Mário Nogueira.

"Não espanta, portanto, que Abril atravesse talvez o seu pior tempo depois de Abril!", sublinhou.

"Há graves amputações democráticas na nossa democracia; os governantes escondem-se atrás da mentira; os tempos são preocupantes e a confirmarem-no está, por exemplo, a anunciada reforma do Estado (que constitui, na verdade, o desmantelamento do designado Estado Social, ou até mesmo o impedimento de os capitães de Abril usarem da palavra na casa da Democracia, por eles restaurada, em 25 de Abril de 1974", afirmou o Secretário Geral da FENPROF.

"Pela nossa parte, Federação Nacional dos Professores, continuaremos a assumir Abril e a exercer os direitos que, com Abril, conquistados. Direito que não se exerce é direito que cai no esquecimento e, um dia, desaparece. Não deixaremos que isso aconteça", garantiu Mário Nogueira, que acrescentou:

"Lutaremos pelos direitos dos trabalhadores que representamos", garantiu o dirigente sindical, que acrescentaria mais adiante:"Lutaremos em defesa de uma sociedade verdadeiramente democrática em que o Estado assuma funções sociais que são essenciais à vida de todos os cidadãos". 

"Continuaremos a exercer a democracia e as liberdades e quisemos hoje, 17 de abril, reafirmar isso num espaço em que, há 45 anos, outros, em situação ainda mais difícil, não temeram e ousaram exigir os seus direitos. Se o fizeram foi porque mantiveram, mesmo nesse tempo negro, uma forte esperança num futuro melhor e fizeram por isso, lutando contra os fascistas".

"Apesar deste tempo cinzento, nós também não desistimos nem perdemos a esperança porque sabemos que o nosso povo saberá libertar-se das amarras que o prende! E FAREMOS POR ISSO! Lutaremos contra os que, hoje ilegitimamente, usurpam o poder no nosso país".

"E sendo os jovens o futuro, é para esses jovens que a FENPROF decidiu avançar com algumas iniciativas para falar de Abril. Não para recordar, mas para falar de Abril e dizer que é necessário não deixar morrer Abril. E gente a querer ajustar contas com Abril não falta, principalmente no governo e nas bancadas da atual maioria PSD/CDS."

"E é por isso que, para além de muitas iniciativas que cada SP levará por diante de Norte a Sul e nas Regiões Autónomas, queremos apresentar aqui hoje :

  • Diário da Liberdade
  • Painel “Da fundação ao 25 de Abril de 1974”
  • Banda desenhada sobre a história do 1.º de Maio (é que Abril completa-se em Maio e não quisemos deixar o quadro incompleto)
  • Parceria com URAP – exposição que irá percorrer escolas de todo o país, bastando que estas no-la solicitem!"

 

Todos nas comenorações
de Abril e do 1º de Maio


Mário Nogueira deixou ainda um apelo final: "Abril não é apenas palavras, memórias… é democracia e é luta e a rua é o espaço mais adequado para que ela se desenvolva. Assim, recuperando os apelos de 74, apelamos: Todos à rua em 25 de Abril e no 1.º de Maio e na rua exijamos:

  • Outra política;
  • A expulsão da troika e da doença que esta quer por cá deixar mesmo depois de sair;
  • A renegociação da dívida;
  • A demissão do governo;
  • Um futuro melhor para Portugal e para todos os portugueses!"