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A PALAVRA A...

António Teodoro: "Nuno Crato é representante do pensamento neoconservador americano"

16 de julho, 2011

Em breve entrevista ao Jornal de Notícias (JN, 16/07/2011), António Teodoro, Director do Instituto de Educação da Universidade Lusófona, de Lisboa, sublinha que o novo Ministro da Educação é "representante do designado pensamento neoconservador americano". Ver já de seguida entrevista completa, com a devida vénia à jornalista Helena Norte e ao matutino JN.

1.
Como avalia o reforço das disciplinas de Português e Matemática?

António Teodoro (A.T.) – Nuno Crato é representante do designado pensamento neoconservador americano, que parte da ilusão de que há disciplinas-nucleares, mais importantes do que as outras. Eu não partilho dessa opinião. Actualmente, é tão importante a língua como o exercício da cidadania e a capacidade de desenvolver um espírito crítico e criativo. Esta medida afasta-se das orientações da OCDE e aproxima-se do pensamento norte-americano, em queda com Obama.


2.
Concorda com a extinção da Área Projecto?

A.T. – A retirada no Básico é um empobrecimento inequívoco e reforça o que o sistema tem de pior: a divisão do conhecimento em prateleiras, sem espaço para cruzar saberes. No Secundário, dominado pela pressão do acesso à Universidade, era considerado uma distracção.


3.
Como encara a introdução de exames no 6ºano e a possibilidade de haver também no 4º ano?

A.T. – O pensamento neoconservador assenta na ideia da regulação do sistema por exames. Trata-se de um retrocesso, que vai gerar uma orientação curricular no sentido de valorizar só o que vai sair nos exames. Defendo exames no acesso ao Ensino Superior e, eventualmente, no 9º ano.

4.
As escolas pequenas têm menos qualidade e devem ser fechadas?

A.T. – Este processo, iniciado com o anterior Governo, assenta em razões financeiras. Não há estudos que comprovem que as escolas mais pequenas têm menos qualidade. O reordenamento não deve pôr em causa as escolas de vizinhança. Os mega-agrupamentos têm retirado dois elementos fundamentais à escola: a identidade e a dimensão humana.