Nacional
Maio de 1968

50 anos depois: lembrar, celebrar, continuar

14 de maio, 2018

Isabel Lemos, do Departamento de Professores Aposentados da FENPROF:

Para muitos professores aposentados, lembrar Maio de 68 é recordar a juventude, a vida de estudantes ou até a de jovens professores. Será bom lembrar que na génese desse grande movimento que despoletou avanços sociais incontestáveis estiveram, em França, recuos no âmbito da Segurança Social ditados pelo governo gaulista, ligados a justos anseios de mais liberdade e justiça social.

Maio de 68 correspondeu ao despoletar de consciências de classe e conduziu a mobilizações gigantescas. Atestam-no os cerca de dez milhões de grevistas que ocuparam jornais, televisões, teatros, escolas, universidades, empresas e ruas. Lutaram e conseguiram que o governo recuasse nas suas intenções; lutaram e conseguiram impor a sua vontade em negociações difíceis.

Maio de 68 não foi só um movimento de intelectuais e estudantes, mais ou menos romantizado como muitas vezes se quer fazer crer. Foi também uma luta de operários e acima de tudo foi a vontade de milhões de não se deixar espezinhar, de não deixar que lhes roubassem os justos direitos

O que ficou do espírito de Maio de 68? Apesar de alguns recuos nas conquistas conseguidas na altura, apesar dessa amargura e frustração, ficou para os franceses envolvidos o sentimento de ter participado, de ter gritado, de ter “estado lá”, no início de um novo tempo como aliás dizia uma das palavras mais emblemáticas: “Isto é só o começo!”. 

Não mitificando esse tempo, hoje, para todos os trabalhadores e obviamente para os professores nas escolas ou aposentados, este pode ser um exemplo e uma inspiração que possa incitar todos à luta por justas reivindicações, com solidariedade, com confiança e com determinação.