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Rankings não avaliam escolas

16 de dezembro, 2016

A comunicação social divulgou, pelo 16º ano consecutivo, rankings de escolas construídos a partir dos resultados dos alunos em exames nacionais.

Estas listagens têm apresentado ordenações diferentes, em função dos critérios utilizados, nomeadamente o estabelecimento ou não de um número mínimo de exames realizado por escola ou a ponderação do perfil socioeconómico dos alunos – um dos fatores que mais influenciam os resultados escolares no nosso país.

Alegando que os rankings de escolas são uma ferramenta útil que deve ser melhorada e desenvolvida, alguns órgãos de comunicação social integraram nos últimos anos novos indicadores relativos ao valor esperado de contexto e à progressão dos resultados dos alunos, procurando responder às muitas críticas que os rankings de escolas suscitaram desde o primeiro momento, designadamente por parte de muitos professores, para quem estas ordenações de escolas são redutoras, injustas e perversas.

Apesar disso, estes novos indicadores estão muito longe de traduzir a complexidade da realidade ou de conferir à divulgação destes rankings credibilidade ou legitimidade como instrumentos de suposta avaliação das escolas.

Os professores não desvalorizam os resultados escolares. Pelo contrário, trabalham afincadamente para os conseguir, também nos exames nacionais. Mas estes são apenas um elemento de avaliação e não a medida de tudo o que se faz na escola. A escola também ajuda os alunos a entender o mundo e a realizarem-se como pessoas, muito para além do tempo de escolarização. Não se deve confundir, por isso, exames com avaliação, nem avaliação com mais e melhor educação.

Neste contexto, a FENPROF demarca-se, mais uma vez, desta divulgação, denunciando a forma abusiva como as escolas são catalogadas como ‘boas’ e ‘más’, ‘melhores’ e ‘piores’, em função do lugar relativo que ocupam no ranking. Invariavelmente as escolas que ocupam os primeiros lugares são escolas privadas que selecionam os seus alunos, trabalhando assim com grupos mais homogéneos do que os das escolas públicas, o que favorece a obtenção de médias de classificação mais elevadas. A elaboração destes rankings de escolas é, assim, um exercício manipulativo, que visa fundamentalmente passar para a opinião pública a ideia, errada, de que o ensino privado tem mais qualidade do que o público.

A FENPROF considera ainda que a entrega prévia das classificações dos alunos à comunicação social com reserva à sua divulgação até um determinado dia favorece o espetáculo mediático a que temos assistido e impede outros (as escolas, outras instituições, a comunidade científica...) de atempadamente se debruçarem sobre esses mesmos dados, sem os constrangimentos de uma divulgação intempestiva de rankings e de toda a demagogia que habitualmente os acompanha.

O Secretariado Nacional da FENPROF
16/12/2016