Nacional
Internacional de Educação:

PISA: forte na promoção da equidade, mas fraco na defesa de políticas positivas para os professores

06 de dezembro, 2016

A Internacional de Educação (EI), uma confederação mundial que congrega 401 sindicatos e organizações nacionais de educação de 172 países, representando 32,5 milhões de membros, individualmente considerados, comentou os resultados do Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (PISA) publicado pela Organização para a Cooperação Económica, (OCDE).

"O relatório do último PISA, da OCDE, afirma a importância de os países terem sistemas de educação pública vigorosos e fortes", disse o Secretário-Geral da IE, Fred van Leeuwen. "Muitas das suas propostas para melhorar a equidade são vitais para o futuro de todos os jovens."

O Secretário Geral da IE saudou as propostas de reforço do apoio aos filhos de imigrantes e sectores sociais mais desfavorecidos e exortou todos os governos a apoiá-las. A condenação que o relatório faz dos estereótipos de género releva, com razão, como as atitudes da sociedade em relação às raparigas e à Ciência podem colocar limites às expectativas das crianças e jovens, disse. Verifica-se, assim, que meninos de meios socioeconómicos mais baixos foram, também, mais propensos à retenção e à repetição de anos de escolaridade. 

Os estudantes das escolas mais favorecidas têm acesso a melhores materiais e recursos, enquanto que os estudantes das escolas mais desfavorecidas têm menos tempo de ensino e são mais propensos a repetir anos e níveis de escolaridade, enfatizando que os recursos adicionais direccionados para a anulação destas diferenças operarão uma diferença positiva para os alunos de famílias desfavorecidas. Políticas positivas para apoiar a aprendizagem de jovens imigrantes podem levar a melhorias significativas nas aprendizagens, embora a maioria dos estudantes de famílias imigrantes tenham baixos níveis de conhecimentos.

No entanto, Van Leeuwen admitiu sua decepção com as conclusões do relatório e com as referências neste ao uso de recursos para as escolas. "O aumento da despesa pública com a Educação nem sempre produziu melhores resultados. Isto contradiz directamente a necessidade de recursos suficientes. Os melhores especialistas em recursos são os próprios professores", disse ele, acrescentando que a voz dos professores e as suas opiniões praticamente desapareceram nesta edição do PISA. Os líderes são referidos repetidamente, mas a pesquisa efectuada pelos professores foi mal usada. Foi uma oportunidade perdida.

Muitos sistemas escolares estão, ainda, seriamente subfinanciados, lamentou, relevando que é para os próprios professores que os governos de todo o mundo se devem virar para saberem de que recursos as escolas necessitam e como gastá-los bem.

A Internacional de Educação defende, firmemente, que a OCDE deve ter muito cuidado para não promover uma falsa dicotomia entre a garantia de recursos suficientes para as escolas e uma educação de qualidade. Isso contradiz as próprias propostas da OCDE de recursos direccionados para estudantes imigrantes, educação nos primeiros anos e estudantes desfavorecidos, bem como equidade na alocação de recursos. Para a IE, recursos ajustados às necessidades permitem que os professores façam o seu trabalho. Por outro lado, o uso adequado dos recursos resultará, normalmente, do envolvimento dos docentes e dos seus sindicatos na definição e desenvolvimento de políticas com base no conhecimento da realidade e na avaliação dos efeitos das reformas educativas.

A OCDE insiste que a prioridade deve ser "apoiar a qualificação dos professores e garantir que eles continuem a aprender ao longo das suas carreiras". Porém, a OCDE ao não ter em conta as propostas e as análises da IE parece confundir o peso que esta organização tem entre os professores no plano mundial, com mais de 30 milhões de afiliados, pois nunca estabeleceu qualquer relação entre a dimensão da turma, a qualificação do professor e a capacidade de realização do aluno. Para a IE isto anda tudo ligado.

Ou seja, a OCDE vai, de novo, contra os próprios dados do relatório: "existem relatos dos alunos que afirmam que nas escolas com turmas de menor dimensão os professores podem dedicar mais atenção às necessidades e conhecimentos individuais dos alunos, fornecer ajuda individual aos alunos em dificuldades e até adaptar a estrutura das aulas se vêem que os alunos revelam dificuldades de aprendizagem".

A Internacional de Educação apoia claramente o enfoque dado na necessidade de garantia de equidade, nos aspectos relacionados com os alunos de famílias ou meios desfavorecidos, bem como no facto de que o ensino no sector público é pela primeira vez reconhecido como o melhor em todo o mundo, com a obtenção de melhores resultados do que nas escolas privadas isto se forem tidos em conta os aspectos socioeconómicos. No entanto, a equipa de redacção fugiu da transmissão de uma visão detalhada sobre o impacto de professores qualificados, turmas pequenas e recursos adequados, em conjunto, para o desenvolvimento de uma educação de qualidade.

A Internacional de Educação está a organizar um seminário em 14 de dezembro de 2016, das 13h30 às 15h00 (GMT),  através da web, com a possibilidade de os filiados cujos países participaram no PISA poderem postar as suas opiniões e enviar as suas mensagens. O objetivo do seminário on-line é apresentar aos filiados os aspectos mais importantes do PISA 2015, permitindo que os professores discutam os seus resultados.

Peter Adams, Director Principal do PISA, e Michael Stevenson, Conselheiro Principal do PISA, da equipe PISA da OCDE, participarão e apresentarão as principais conclusões do PISA 2015.