Para quem pudesse ter dúvidas, a situação tem vindo a esclarecer-se. Aquilo a que estamos a assistir no Brasil é à tentativa de um golpe de estado desferido por quem, na última década, viu fugir privilégios, devido a uma melhor redistribuição da riqueza produzida. Neste período, o governo retirou da pobreza mais de 40 milhões de pessoas, o que é muito significativo mesmo num país que tem 200 milhões de habitantes.
É claro que há erros que têm sido cometidos pelo governo brasileiro, tal como o movimento sindical tem chamado a atenção e contra os quais tem contestado. Mas isso não pode desviar a atenção dos trabalhadores e dos democratas em geral, relativamente ao que é essencial neste momento: a tentativa de golpe de estado por parte da direita que foi derrotada nas eleições, sendo frequente, nas manifestações promovidas pela classe média-alta brasileira, apelos à intervenção militar, entre outras declarações saudosistas da ditadura assassina em que aquele país irmão esteve mergulhado.
Defender a democracia e combater a tentativa de golpe é, pois, obrigação de todos os que acreditam no estado de direito democrático, até porque só em democracia será possível continuar a defender e lutar pelos direitos laborais e por uma sociedade justa e solidária.
É absolutamente repugnante assistir a episódios como o de um dos juízes envolvidos neste caso a divulgar selfies da sua participação em manifestações antigovernamentais ou de o juiz que é levado em ombros pelos media a enviar, sem consequências, as escutas telefónicas que foram feitas.
Acresce que a grande comunicação social brasileira, liderada pela Globo e com forte participação da Veja e da Folha de São Paulo, se colocou claramente ao serviço da direita golpista e corrupta do Brasil. Afinal, um remake do que vimos acontecer na Argentina ou na Venezuela, neste tempo de grande ataque à democratização que tem vindo a ter lugar na América Latina.
Infelizmente, o que se vai vendo por cá, designadamente nas televisões portuguesas, é também pouco abonatório do que deverá ser um serviço de informação isento, sendo lamentável o entusiasmo de alguns jornalistas com as manifestações da direita e a desvalorização que fazem das que defendem a democracia e se opõem ao golpe fascista.
Da FENPROF, os nossos companheiros das organizações sindicais de professores (CNTE e CONTEE), bem como das suas principais centrais sindicais (CUT e CTB), podem contar com toda a solidariedade. No próximo mês de abril, aquando da realização do 12.º Congresso da FENPROF, os companheiros da CNTE e CONTEE, que estarão presentes, poderão sentir essa mesma solidariedade.
Um Grande Abraço e muita força na luta pela Democracia!
Mário Nogueira
Secretário Geral da FENPROF
A situação no país vista pelo movimento sindical brasileiro.
O lado que não passa na imprensa portuguesa
- Páginas de CONTEE e CNTE, organizações sindicais de Professores do Brasil:
- Páginas das confederações em que as organizações de professores estão filiadas (CUT e CTB):
- Artigo de António Teodoro, investigador e docente universitário, escrito na madrugada de dia 18
Brasil: quo vadis?
