Nacional
PROVAS DE AFERIÇÃO

Decisão é razoável, mas não pode trazer ainda mais trabalho para os professores

18 de março, 2016

Numa avaliação às decisões do Ministério da Educação sobre a realização das provas de aferição a realizar este ano o secretário geral respondeu a alguma perguntas colocadas pelo sítio da FENPROF. Para Mário Nogueira, o ministro percebeu que com o carro a andar não convém carregar a bagagem… e tomou a única decisão suscetível de ser adotada: devolver aos professores e às escolas a decisão sobre como concretizar estas provas em 2016.

No entanto, sinais de que o trabalho dos professores possa vir a aumentar na sua atividade subsequente são muito negativos e a situação, se vierem a verificar-se, será combatida.

O Ministro da Educação anunciou que as provas de aferição, este ano, teriam um caráter facultativo. Trata-se de um recuo do governo?

Mário Nogueira (MN): Não me parece que se trate de recuo ou avanço, mas simplesmente um “cair na real”. O fim dos exames de 4.º e 6.º anos foi medida acertada, porém, a introdução de provas de aferição deverá ser cautelosa, ainda mais se se pretende que elas não sejam uma espécie de exame, mas com outro nome.

Mas era suposto que este ano já se realizassem com caráter obrigatório…

MN: Sim, era o que se pensava. Mas a verdade é que estamos já na segunda metade do ano letivo e as escolas continuavam sem conhecer sequer a data de realização. Deixar que sejam as escolas, este ano, a optar pela realização ou não parece-me, não só, um voto de confiança nas escolas, como uma forma de estas encontrarem a melhor forma de se organizarem para a realização das provas de aferição.

E parece-te que a maioria irá optar pela realização das provas?

MN: Provavelmente, sim. É a oportunidade de experimentarem uma nova realidade e se prepararem para o futuro. Não duvido que num contexto de gestão democrática, as escolas deixariam cair, definitivamente, as provas de 4.º e 6.º anos e avançariam para a aferição nos 2.º, 5.º e 8.º anos. Assim, haverá quem ainda não se tenha libertado da febre provocada pela doença da examinite, mas penso que a maioria das direções das escolas não está nesse registo.

Bem, o Ministro disse que confiava nos diretores e nos conselhos pedagógicos…

MN: Sim e poderia ter acrescentado a sua confiança nos professores, afinal são eles os protagonistas de todo o processo educativo. Num regime de gestão democrática, evidentemente que os pedagógicos representariam os professores, assim… espero que as provas de aferição não acabem por se transformar numa espécie de exames com todo aquele ritual que lhes está associado…

E como ficam os professores no meio de tudo isto?

MN: Os professores já deram provas de estarem disponíveis para as mudanças quando as compreendem e consideram positivas. O que espero é que o Ministro entenda a enorme sobrecarga de trabalho a que os professores estão sujeitos e que estas provas não aumentem ainda mais o seu trabalho, particularmente na fase subsequente à sua realização, com a correção e o preenchimento de fichas. Há que, a tempo, informar os professores de como as coisas decorrerão.

Contam reunir com o Ministro a este propósito?

MN: Aguardamos a marcação de uma reunião para breve, que pedimos para esclarecer o corte de 300 milhões no Orçamento do Estado em recursos humanos da Educação e também para calendarizarmos alguns processos negociais. Aproveitaremos para esclarecer esta questão.

Uma última questão: o porta-voz do grupo parlamentar do PSD para Educação, uma vez mais, repetiu que esta decisão do governo fazia parte da estratégia sindical da FENPROF. Que pode dizer-se desta afirmação?

MN: Tantas são as vezes que esse e outros deputados repetem tal conversa que me parece haver ali uma espécie de fixação, algo que não tem explicação racional, nem solução natural. Por vezes isto resolve-se no divã do psiquiatra