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Carta de Mário Nogueira

"A matilha das escolas" e o baixo nível de um tal Figueiredo...

27 de dezembro, 2013

Exm. Senhor Diretor
do Semanário Expresso

Agradeço mais uma vez, simplesmente por não ter o endereço eletrónico do senhor Martim Avillez Figueiredo, que diligencie no sentido de lhe chegar o texto que lhe dirijo. Obrigado. Um Abraço e o desejo de um 2014 tão positivo quanto possível. Mário Nogueira.

Senhor Figueiredo,

Apresento-me. Quem lhe escreve é o tenebroso Mário Nogueira que, decerto, fosse feita a sua vontade, estaria a apodrecer nos calabouços de uma esquadra de polícia, ou, talvez antes, na cave de uma qualquer milícia de jagunços contratados para dar as tais “ensinadelas” que o senhor acha que este tenebroso ser e mais uns quantos horripilantes indivíduos estarão a precisar.

Enoja-me essa sua forma de fazer pedagogia, mas é a sua e se é disso que se compõe o seu ADN, quem sou eu, tenebrosa pessoa, para tentar contrariar essa má formação genética. Também não é devido ao que escreve, a par de mais uns quantos que o acompanham, que algum dia me atreveria a falar da “matilha dos jornais”. Ainda que reconheça que alguns dos que neles escrevem se colocam, como se usa dizer, “uns quantos furos abaixo de cão”, penso que essas serão as exceções e não a regra, pelo que não confundo o mundo da comunicação social com um qualquer canil onde a raiva, por vezes, toma conta dos que aí se albergam.

Feitos os comentários prévios, fica uma ou outra consideração sobre o fraco, mas ofensivo (se era esse o propósito, está alcançado) texto do senhor Figueiredo.

A estratégia de, num universo de mais de 150.000 docentes, dos quais 13.500 estavam obrigados a esta prova, selecionar dois exemplos que dão jeito ao autor para fundamentar a sua opinião tem um nome: manipulação. É o que procura fazer o senhor Figueiredo na sua prosa sobre a matilha.

Parte, o senhor Figueiredo, de um pressuposto absolutamente falso: os professores têm medo de ser avaliados. Não têm e são-no diariamente pelos seus alunos, pelos pais e pelos pares. A questão é a adequação da avaliação que é feita e o objetivo que persegue. A prova a que Nuno Crato os quer submeter não tem qualquer sentido e é, na verdade, humilhante.

Um professor, para ser professor teve de concluir o 12.º ano (tendo feito muitas provas e exames), de frequentar com sucesso um curso de formação devidamente reconhecido pelo MEC como adequado, com uma estrutura curricular e um corpo docente fixados pela tutela e também por esta financiado. São cursos profissionalizantes e, portanto, não dão para qualquer outra profissão que não seja a docente. E só esses cursos, que, repito, habilitam profissionalmente os professores, são considerados “habilitação para a docência” e não quaisquer outros. Nas escolas não encontra pessoas que não gostando da sua profissão ou não sabendo o que fazer foram para professores. Não. E, já agora, no espaço escola o senhor Figueiredo também não encontra animais, atuem ou não em matilha. Encontra Professores que também o senhor deverá saber respeitar.

Voltando à prova, ao impô-la o MEC não só manifesta total desconfiança numa formação inicial de 5 anos, como também o faz em relação à avaliação de desempenho a que, anualmente, estes professores se sujeitam – que segundo os atuais responsáveis do ministério da Educação e Ciência corresponde, finalmente, ao modelo adequado – e na idoneidade e seriedade dos diretores das escolas que renovam os contratos aos professores por reconhecimento do seu mérito profissional. Será o MEC quem, com esta prova, irá finalmente dizer quem são os melhores? Penso que até o senhor Figueiredo duvidará dessa possibilidade…

Já agora, talvez não seja inútil lembrá-lo que quem sistematicamente tem desrespeitado decisões dos tribunais, normas legais e acordos negociais têm sido os responsáveis do MEC o que, apesar disso, não dá o direito ao senhor Figueiredo de, um dia destes, escrever qualquer crónica do tipo “a matilha dos ministérios”. Ficar-lhe-ia mal.

Uma última nota apenas para lhe corrigir uma afirmação. Diz, em certo momento da sua prosa que “Crato procura ter os melhores professores para ajudar a gerar as melhores crianças”… Penso que não é isso que Crato pretende, pois tal sairia claramente do que está legalmente estabelecido como conteúdo funcional da profissão docente. Lá está, a sua pressa e vontade de, por um lado, elogiar o ministro, por outro, denegrir “a matilha” até lhe terá afetado o raciocínio e a escrita, o que acaba por justificar a sua estúpida prosa.

Cumprimentos
Mário Nogueira