Iniciativas
NESTE ABRIL, GRITOS MIL DE INDIGNAÇÃO E REVOLTA

Por Abril, contra o fascismo e os fascistas que não são dignos de usar o cravo que, em 25 de Abril, alguns ostentarão porque são farsantes

24 de abril, 2014

Em Abril abriram-se portas e por elas entraram todos. Entraram mesmo aqueles que gostariam de ver as portas fechadas e a chave a manter-se nas mãos dos seus amigos. Mas Abril fez-se assim, para todos. E ainda bem que foi para todos, pois Abril quis fazer – e fez! – a diferença para o tempo antes, o tempo em que os fascistas mandaram em Portugal.

Os fascistas salazarentos – da mocidade portuguesa de braço estendido, da corja de legionários, dos pides (essa subgente sem princípios), dos que mandavam nas prisões, de Caxias ao Tarrafal, dos que criaram exilados e emigrantes à força, dos que ficaram muito ricos à custa de muitos pobres e indigentes – governavam a seu bel-prazer e prendiam, torturavam e matavam muitos dos filhos deste povo. Fascistas, sim, fascistas! É o nome adequado por muito que alguns agora procurem branquear o fascismo, dizendo que não era bem fascismo, que é exagero chamar-lhe isso, ou que, pronto, houve exageros, mas era uma forma musculada própria do estado novo, mas daí a fascistas… Eram fascistas sim, que o digam os nossos pais, como todos os que foram perseguidos. Fascistas e porcos, pois. Porcos fascistas! É a minha opinião.

Abril acolheu todos. E fez bem, porque Abril é diferente. Acontece que muitos hoje se aproveitam disso para, empoleirados no poder, praticarem atos que, na prática, colocam Portugal a caminhar para aquele tempo, claro está, com os cuidados que o tempo de hoje aconselha. Não matam fisicamente, apenas aniquilam psicológica e socialmente. Não prendem, mas torturam que a tortura não é apenas arrancar as unhas a um homem ou mulher… é também não dar a um pai ou uma mãe as condições para alimentar o seu filho. Não matam, mas deixam morrer quando não criam condições para o doente crónico ou o idoso se tratar. Não há pide, mas há os informadores do arco do poder que, junto dos que ali mandam, dizem quais são os indesejáveis e acrescentam nomes na lista dos inevitáveis. Não há mocidade portuguesa, mas há o rebanho dos que, no Verão, se juntam em Castelo de Vide e chamam àquilo universidade. Há os que condenam os outros a emigrar e a mergulhar na pobreza extrema, roubando-lhes o emprego, o salário e os direitos de cidadania.

Há um governo que destrói e ainda tem a distinta lata de aparecer a dizer que está a fazer grande coisa. Não está e se a democracia fosse genuína e verdadeira, muitos desses estariam a ser julgados. Com os seus direitos observados, coisa que não respeitam aos demais cidadãos e essa seria a diferença que democracia faria para o que eles fazem. A democracia é diferente deles. E depois há uma troika que coloniza Portugal e impõe as suas regras e diz que até 2038 virá cá para que vivamos a ferro e fogo avaliados por eles.

Ou seja, haverá democracia até 2038 se isso acontecer? De que valeriam as eleições se aqueles que têm propostas diferentes, verdadeiramente alternativas, de rutura com a troika e com a política de exploração e empobrecimento não pudessem levar as suas políticas em frente caso ganhassem as eleições? Mas que faria o FMIesse grupo de criminosos sociais que atua no plano internacional, desgraçando a vida das pessoas – se em Portugal as eleições fossem ganhas por quem assume romper com as suas regras? Invadia Portugal? Mandava a NATO entrar por aqui dentro e escaqueirar isto tudo? Dava ordens aos coelhos todos deste país para mandarem prender os que punham em causa a sua ordem? Talvez esses malditos pensassem nisso.

Mas será que podem os que ainda não nasceram, mas irão nascer este ano, estarem já condenados à nascença a serem servos dessa corja malvada até aos 25 anos, e depois se verá se por mais algum tempo? Paremos isto enquanto é tempo. Passemos da indignação à ação e reconstruamos Abril ou os próximos 40 anos não serão democráticos. Maio será um ótimo mês para darmos um sinal forte.

Mário Nogueira, cidadão, professor e sindicalista