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Reunião do Sindicato dos Professores no Estrangeiro, SPE/FENPROF com o Instituto Camões

Questões, muitas, mas respostas...!

20 de fevereiro, 2020

O SPE/FENPROF reuniu no dia 18 de fevereiro de 2020, a seu pedido, com o Instituto Camões, na sequência da reunião tida no dia anterior com a Secretária de Estado das Comunidades Portuguesas.

Mais do que o facto de ser a primeira reunião com a governante na atual legislatura, importava encontrar soluções para questões de ordem técnica e de funcionamento do Ensino Português no Estrangeiro. Daí a proposta de reunião sequencial à primeira.

A Ordem de Trabalhos, exigente, pedia respostas a questões reais e sensíveis para as quais se solicitava um conjunto de esclarecimentos propiciadores do desfazer das muitas dúvidas instaladas.

O SPE regista com apreço as palavras do Dr. João Neves, que enaltecem o espírito colaborativo e a compreensão manifestados por este sindicato no que à plataforma EPEdigital diz respeito. Reiterámos que o fazemos, desde que conciliável como parte da solução e não do problema!

Na oportunidade não pudemos deixar passar em claro as falhas no funcionamento da plataforma que, salvo melhor  opinião, cumpre os serviços mínimos não desobrigando os docentes da duplicação de trabalho no preenchimento de grelhas e mais grelhas, em formato papel as quais poderiam já estar suprimidas se se verificassem duas situações: compreensão dos Coordenadores e normal funcionamento da plataforma. Aceitamos a juventude da ferramenta, as fases de consolidação e aperfeiçoamento das funcionalidades ao mesmo tempo que apelamos à compreensão dos supracitados Coordenadores para eventuais falhas de parte a parte.

Uma situação para a qual o sindicato alertou prende-se com a próxima etapa do ano letivo em curso: a renovação/inscrição de matrículas e de novos alunos. O SPE não pode deixar de manifestar o seu desagrado pela quebra de “lealdade institucional” devido ao facto de não ter sido alertado para o trabalho acrescido exigido aos professores enquanto “gestores das contas” e ”guardiões” dos dados informáticos dos seus alunos e que agora terão de, socorrendo-se da sua base de dados, serem obrigados a proceder à redefinição das “passwords”, imprescindíveis para a execução dos procedimentos que se avizinham!

O sindicato solicitou que fosse enviada uma nota informativa aos docentes, via Coordenações, no sentido de os alertar para a tarefa superveniente à qual urge dar uma resposta rápida. O Instituto Camões concordou e disse que o iria fazer no imediato.

Avançando na OT, o sindicato questionou os responsáveis pelo ICA sobre a implementação, no Luxemburgo, do projeto de inclusão do ensino do Português, enquanto língua de opção, curricular e a funcionar em horário escolar normal e quais os públicos que visava. O SPE solicitou ainda informação sobre o que pensava o Instituto Camões sobre o funcionamento, já em dois liceus, em Diekirch e Esch-sur-Alzette. A estas questões os responsáveis do Camões, I.P. não deram uma resposta satisfatória nem elucidativa! Sobre o público alvo, se eram todos os alunos inscritos, estrangeiros ou lusodescendentes, tendo sida levantada a hipótese, frágil, de ser, em princípio, para os segundos, mas sem enjeitar a hipótese global; questionados sobre os programas a seguir, nada foi dito! Mais questões a que importa dar resposta: será um tipo de ensino sequencial (vindo da frequência do ensino fundamental) ou iniciação linguística? Não obtivemos resposta que satisfizesse a nossa óbvia curiosidade! Continuemos: questionados sobre o regime de inscrição, opção linguística livre de propina, em princípio a resposta é sim! Então o sindicato afirma que se está perante uma eliminação pura e dura do ensino secundário paralelo! Poderá ser encarado como um dano colateral, mas que será mitigado pelo sucesso da decisão tomada. Por quem, é que ainda não se sabe, ao certo! Informação recolhida do ICA: os programas terão de ser elaborados urgentemente!

A nova questão colocada pelo SPE sobre quem tinha dado o pontapé de saída, quem era o responsável pelo projeto, a informação recebida foi que, eventualmente ela tivesse vindo do “grupo de pilotage”!!!

Outro ponto colocado em análise prendeu-se com a “monotorização do Ciclo 1 – pré-escolar”. O SPE manifesta uma posição contrária a esta prática sugerida pelo já aludido “grupo de pilotage” pois considera que qualquer interferência que possa fragilizar a já ténue colaboração com os docentes luxemburgueses venha dificultar, ainda mais, o relacionamento laboral e institucional. Mais uma vez se torna evidente a falta de um representante dos professores portugueses no aludido grupo. Se tal fosse uma realidade, teria este docente a função imediata de alertar para os perigos daí resultantes e poderia contribuir com o seu know-how para uma solução alternativa à metodologia proposta pelo mesmo grupo!

Todos os professores a trabalhar no Luxemburgo têm conhecimento dos hábitos e práticas dos docentes luxemburgueses que não apreciam interferências externas. Há que ter o bom senso de preservar as identidades e as características peculiares.

Não podemos esquecer os acontecimentos, de má memória ocorridos em 2015/2016 em Differdange e Esch-sur-Alzette, respetivamente. Portanto, só há um caminho a seguir se os docentes do EPE-Luxemburgo quiserem trabalhar em paz e desenvolverem um trabalho de qualidade – deixá-los em paz e sossego. Concertação sim, mas muito sui generis. Foi esta a mensagem deixada na reunião com a SECP e reiterada hoje no Instituto Camões.

Foram ainda abordados alguns assuntos de natureza genérica denunciados em Espanha, Andorra e Alemanha, tendo os representantes do Camões, IP ficado comprometidos em encontrar soluções adequadas para a superação das situações denunciadas.

Esperamos que surjam resultados práticos destas reuniões e que os mesmos propiciem um trabalho eficaz e em harmonia que é o que mais desejamos.

Todavia, não descuraremos a possibilidade de, sempre que tal seja necessário, denunciarmos todas as situações que colidam com o desempenho profissional dos docentes a trabalhar na REPE.

 

Lisboa, 18 de fevereiro de2020.

 

A Comissão Executiva do SPE/FENPROF