Intervenções
14.º Congresso

Maria Isabel Lemos, professora aposentada do SPRC

17 de maio, 2022

Camaradas!

Muitos de nós, os mais velhos e aposentados tiveram o privilégio de viver o 25 de Abril a trabalhar. Não foi só privilégio ou acaso. Nada na história acontece por acaso. Foram precisos muitos anos de luta, de sofrimento, de angústia, de persistência e de coragem até acontecer esse (…) “dia inicial inteiro e limpo, Onde emergimos da noite e do silêncio E livres habitamos a substância do tempo” no poema de Sophia de Mello Breyner Andresen2.

Recordaremos isso até ao fim das nossas vidas.

E depois vivemos intensamente o primeiro primeiro de maio em liberdade, sem medo, rostos aos centos da mudança, felizes por poder gritar pelos nossos anseios e almejos. Recordaremos isso até ao fim das nossas vidas.

E logo, logo nos dias subsequentes os professores entusiasticamente correram a fundar os seus sindicatos que depois vieram a federar-se na FENPROF cujo XIV congresso decorre aqui e agora.

Porquê?

Porque acreditámos que unidos encontraríamos mais força.

Porque acreditámos que unidos resolveríamos os problemas da profissão.

Porque acreditámos que juntos conseguiríamos um estatuto profissional.

Porque acreditámos que unidos conquistaríamos um melhor e mais justo percurso salarial.

Porque acreditámos que unidos obteríamos uma melhoria das miseráveis pensões de reforma de então.

E conseguimos !!!, colegas! Com avanços e recuos, demorando mais ou menos, com horas de desânimo e horas de euforia, com lágrimas e risos. Conseguimos!

Nada disto teria sido possível sem os sindicatos da FENPROF.

E, se uma vez professor, esse estatuto ou paixão se mantém e se é sempre professor, então há que permanecer nos sindicatos sempre. Até ao fim das nossas vidas.

Isso de cada um no seu canto, infeliz e carpindo as suas mágoas, refilando contra os governantes, contra o aumento do custo de vida, contra os ataques da ADSE, contra a gestão (que já nada tem da entusiasmante gestão democrática…), contra a diminuição do poder de compra, até contra a FENPROF e os seus sindicatos porque “não fazem nada”, não pode continuar. Os sindicatos somos nós. São o que nós quisermos. Os dirigentes são eleitos por todos nós. As estratégias e ações de luta somos nós que as decidimos. Então a força da negociação e da luta depende de nós, da nossa presença e participação. Sempre, até ao fim das nossas vidas.

Como facilmente se conclui, camaradas, os professores aposentados ou reformados são essenciais para os sindicatos. Os sindicatos são essenciais para os professores aposentados e reformados porque o melhor estímulo para conseguir mudar o que não está ao nosso alcance é unir-se com aqueles que partilham do mesmo sentimento de mudança.

E por isso, que a vida, a vontade, a reivindicação, a justiça nos mantenha a todos unidos para sempre, com muita confiança, determinação e organização.

Até ao fim das nossas vidas.

 

Viva o 14.º Congresso Nacional dos Professores!

Viva a FENPROF!

 

2 Sophia de Mello Breyner Andresen in 'O Nome das Coisas'