Actualidade
Menos 132 lugares

"Governo mantém política de contenção de vagas no Ensino Superior"

26 de julho, 2005

O número de lugares disponíveis nas universidades e politécnicos do ensino público baixou ligeiramente em relação ao ano passado: a oferta conta com menos 132 vagas, um ciclo explicável pela diminuição do número de alunos no sistema e que chegam ao ensino superior.

Para este ano lectivo, as instituições públicas abriram 47.001 vagas, informou ontem a assessora do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), Dulce Anahory.

Aparentemente, a política de vagas continua a ser a mesma desenhada pelos executivos dos últimos ministros responsáveis pelo ensino superior, Pedro Lynce e Maria da Graça Carvalho. A decisão de reduzir o número de lugares baseia-se na diminuição do número de alunos no secundário. Na última década, o 12.º ano perdeu mais de 32 mil estudantes. As estatísticas da população residente em Portugal continental indicam uma diminuição dos jovens na faixa etária dos 20 aos 24 (em idade de frequentarem o superior) de 23,8 por cento até este ano e de 33,9 por cento até 2010.

Há, contudo, áreas em que se regista maior carência de profissionais - é o caso da saúde, onde a aposta é aumentar o número de vagas disponibilizadas. Este ano, o número de lugares para Medicina aumentou e há mais 60 disponíveis. No total são 1245. A Universidade do Porto foi a que fez o maior esforço para conseguir admitir mais meia centena de alunos que no ano passado: mais 40 vão passar a frequentar as instalações da Faculdade de Medicina e mais dez serão admitidos no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. Este aumento ainda foi negociado por Graça Carvalho, que propôs à universidade a construção de vários edifícios, a ser utilizados pelas duas escolas.

Na altura, a então ministra pretendia ainda que a Universidade Nova de Lisboa abrisse mais vagas, num esquema semelhante ao que já vigora, desde o ano passado, nos arquipélagos dos Açores e da Madeira. No caso da Nova, os alunos fariam os primeiros anos dos cursos no campus da Caparica e terminariam a formação nas instalações de Lisboa. Mas a Faculdade de Ciências Médicas apresenta para este ano o mesmo número de vagas do anterior: 175.

O Governo mantém em funcionamento os ciclos preparatórios nos Açores e na Madeira, ou seja, os estudantes ingressam nas instituições e concluem os cursos, respectivamente, nas universidades de Lisboa e de Coimbra. De recordar que em 2004, graças ao aumento do número de vagas em Medicina, verificou-se uma descida da classificação - 17,80 valores nas universidades da Madeira e dos Açores; 17,93 na Nova de Lisboa e mais duas centésimas na de Lisboa. No entanto, os candidatos a médicos continuam a precisar de ter as médias mais altas para entrar.

Mais 60 novos cursos

Direito continua a ser dos cursos que abrem mais vagas: 1240. Só as universidades de Lisboa e de Coimbra estão disponíveis a acolher, respectivamente, 550 e 330 novos estudantes. Além das cinco universidades públicas, desconhecem-se ainda quantos mais juristas serão formados pelos 15 cursos privados existentes no país.

Outra área com muita oferta é a da Arquitectura, onde há 22 cursos, 14 dos quais no ensino privado. Este ano, há 511 vagas (mais 32 que no ano passado) no universitário público. As faculdades de Arquitectura de Lisboa e do Porto oferecem o mesmo número de lugares: 108 cada.

Este ano, o MCTES autorizou a criação de 60 novos cursos, que abriram vagas para mais de 1700 alunos em licenciaturas tão diversas como as da saúde, passando pelo turismo, engenharia e mesmo cursos na área da educação (uma das mais saturadas em termos de mercado de trabalho). É no ensino politécnico que se concentra a maior parte das novas propostas - 41; no universitário são 18.

Na área da saúde, há cursos que se estreiam, como Ciências Farmacêuticas, na Universidade do Algarve, Ciências Biomédicas, na Beira Interior, Informática para a Saúde, nos politécnicos de Castelo Branco, Leiria, Cávado e Ave. Na área do turismo aparecem novas formações em Marketing (no politécnico de Leiria), Gestão e Administração Hoteleira (politécnico do Porto), Ecoturismo (na Universidade dos Açores) e Direcção e Gestão Hoteleira em Castelo Branco.

Duas universidades - a de Coimbra e a da Madeira - propõem formação em Serviço Social. Há cursos mais específicos, como o que o politécnico de Beja inaugura em Gestão da Água, do Solo e da Rega.

"Público", 13/07/2005