Ciência
Estudo apresentado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (Lusa, 18/02/2005)

Primeiro mapa de variações genéticas para prever doenças

21 de março, 2005

Investigadores norte-americanos divulgaram o primeiro mapa das variações genéticas mais comuns em três grupos da população humana, o que permitirá no futuro prever e prevenir doenças graças a tratamentos selectivos.

As conclusões da investigação, realizada pela empresa californiana Perlegan Sciences Inc., foram apresentadas fna reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), em Washington, e vêm hoje publicadas na revista Science.

O ADN ou genoma é idêntico em 99,9 por cento da população do planeta, sendo as variações genéticas do 0,1 restante que determinam as características individuais, a forma da face, a cor dos olhos e dos cabelos, mas também os riscos de doenças, explicam os peritos.

O mapa, primeira etapa da identificação de minúsculas partículas de informações chamadas SNP (Polimorfismo Nucleotídico Simples), é considerado essencial para criar uma verdadeira medicina genética.

Até agora, os progressos genéticos incidiram sobretudo na mutação de um único gene como explicação da causa de uma doença.

Todavia, a maioria dos problemas de saúde, como a diabetes, a depressão ou as doenças cardiovasculares resultam de uma interacção complexa de numerosos genes, de factores exógenos como o ambiente e dos hábitos de vida.

No estudo, os investigadores da Perlegen Sciences descreveram 1,58 milhões dessas variações genéticas simples ou SNP mais comuns em 71 norte-americanos de origem europeia, africana e chinesa.

Segundo David Cox, um dos autores do trabalho, o mapa "deverá fornecer um instrumento para responder a numerosas questões sobre o papel de uma variação genética comum na complexidade das características humanas e das variações entre os vários grupos de população".

A maioria das SNP observadas em todas as populações da Terra é idêntica e remonta ao início da humanidade, mas outras variações genéticas poderão ser específicas a certas populações, sublinhou.

Estes dados genéticos, que estão no domínio público, não servirão porém para regular o debate em curso sobre se existem ou não raças humanas distintas, advertiu o cientista.

Lusa, 18/02/2005