Ciência
Biodiversidade

Expedição a São Tomé desvenda dez novas espécies marinhas

14 de dezembro, 2006

Sete investigadores ao serviço da National Geographic Society (NGS), entre os quais um professor residente em Portugal, descobriram em Fevereiro deste ano, ao largo de São Tomé e Príncipe, dez novas espécies ainda não catalogadas.

Além daquelas espécies, foram encontradas outras 50 que nunca tinham sido vistas naquelas paragens, anunciou a mesma fonte, da Universidade do Algarve que, tal como a Universidade da Madeira, é um dos locais de trabalho do académico alemão Peter Wirtz, que participou na expedição.

"É um local de uma incrível riqueza, numa extensão que não era conhecida até aqui", disse aquele investigador, de 58 anos, radicado na Madeira desde 1992.

Interessado pela biodiversidade marinha daquele arquipélago, Peter Wirtz considera-se um apaixonado pelo mar e foi nesse contexto que "agarrou" a oportunidade de participar na expedição.

"Há três anos, fiz uma proposta para uma expedição da NGS a São Tomé, mas foi rejeitada. No ano passado, convenceram-me a candidatar-me outra vez e consegui".

Além do investigador participaram no projecto quatro académicos brasileiros e dois norte-americanos peritos em corais.

Os investigadores voaram rumo a São Tomé a 3 de Fevereiro, recorda Peter Wirtz que, com os companheiros, fez de uma casa alugada na ilha de São Tomé o seu local de partida para as duas bases de mergulho, durante duas semanas.

Ao fim desses 15 dias, tinham descoberto dez novas espécies e 50 outras cujo paradeiro conhecido se confinava até aí à costa oriental do continente sul-americano, descreve, atribuindo esse facto à existência da contra-corrente do Equador, que liga as zonas equatoriais africana e sul-americana.

Peter Wirtz confessa que não ficou surpreendido pelas descobertas, já que, nas três expedições anteriores que fez àquela zona, tinha constatado a enorme diversidade biológica das águas santomenses.

Entre os mais curiosos espécimes descobertos está uma espécie de góbio que vive em simbiose com um camarão. "É um camarão cego que escava uma gruta na areia e o peixe fica a guardá-lo de possíveis predadores", descreveu-o, considerando a descoberta "uma das mais extraordinárias" da expedição da NGS.

Lusa, 21/11/2006